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Vacina para gestantes: "Não houve atraso nenhum", diz Queiroga irritado

A aplicação de vacinas neste grupo estava suspensa desde maio por causa de um evento adverso grave que aconteceu com uma gestante imunizada com a vacina da AstraZeneca/Oxford

Maria Eduarda Cardim
postado em 09/07/2021 06:00
O ministério passou a aconselhar a CoronaVac e a Pfizer para a vacinação de gestantes e puérperas sem comorbidades -  (crédito: Myke Sena)
O ministério passou a aconselhar a CoronaVac e a Pfizer para a vacinação de gestantes e puérperas sem comorbidades - (crédito: Myke Sena)

Quase dois meses depois de suspender a vacinação contra a covid-19 de grávidas e puérperas sem comorbidades, o Ministério da Saúde voltou a recomendar, ontem, a imunização deste grupo de mulheres. Apesar do novo posicionamento da pasta, alguns estados já haviam voltado a vacinar gestantes sem comorbidades. Questionado se o ministério está atrasado quanto a recomendação, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga demonstrou irritação e disse que “não houve atraso nenhum”.

A aplicação de vacinas neste grupo estava suspensa desde maio por causa de um evento adverso grave que aconteceu com uma gestante imunizada com a vacina da AstraZeneca/Oxford. Dessa forma, o ministério passou a aconselhar a CoronaVac e a Pfizer para a vacinação de gestantes e puérperas sem comorbidades. Esses imunizantes já são utilizados para grávidas com comorbidades.

Sendo assim, as vacinas da AstraZeneca e da Janssen não são recomendadas para mulheres grávidas e puérperas, com ou sem comorbidades. “Após a análise dos dados e do debate amplo com os cientistas, houve o entendimento de se voltar a vacinar as gestantes sem comorbidades. Entendemos que não há porque suspender essa vacinação”, disse o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

Apesar o Ministério da Saúde rever a questão somente após dois meses, alguns estados já haviam voltado a vacinar gestantes sem comorbidades. Em São Paulo, por exemplo, a vacinação deste grupo de mulheres foi liberado no início de junho. Questionado se o ministério estava atrasado quanto à recomendação a respeito das grávidas, Queiroga demonstrou irritação. “Não há atraso nenhum. O que precisa é que haja respeito de todos os entes, de municípios e estados, ao que foi pactuado na tripartite”, respondeu.

Vacinas diferentes

Além de retomar a vacinação para um grupo específico de mulheres, a pasta decidiu que as grávidas já vacinadas com a primeira dose da vacina da AstraZeneca devem esperar para tomar a segunda dose após o puerpério e, com isso, completar o esquema vacinal. No Rio de Janeiro, entretanto, a recomendação é diferente. As gestantes e mulheres que tiveram bebês há até 45 dias e que tomaram a primeira dose da vacina da AstraZeneca poderão completar o esquema vacinal com a segunda dose da Pfizer.

Queiroga alertou que ainda não é seguro determinar a aplicação de uma segunda dose de vacina de outra marca nestas mulheres. “Não há evidência científica acerca de intercambialidade de vacinas em gestantes. Portanto, vamos manter a orientação do Programa Nacional de Imunização (PNI)”, disse o ministro. Ele ainda pediu para que os secretários municipais e estaduais de Saúde não modifiquem as orientações do PNI “por conta própria”. “É claro que secretários estaduais e municipais têm sua autonomia, mas não para mudar o cerne do que foi discutido na política tripartite”, completou.

Ainda sobre o tema da intercambialidade de vacinas contra a covid-19, Marcelo Queiroga informou que o Ministério da Saúde vai patrocinar uma pesquisa para estudar a segurança e eficácia da aplicação da primeira dose da vacina de determinada marca e a segunda dose de outro imunizante diferente. “Hoje mesmo foi aprovada uma pesquisa que o Ministério da Saúde vai patrocinar para estudar a intercambialidade de doses, e essas respostas nós teremos”, disse o cardiologista. Queiroga afirmou que alguns estudos já estão sendo realizados, mas, segundo ele, ainda faltam “evidências mais consistentes” para a adoção dessa medida como estratégia de saúde pública.

A recomendação do Ministério da Saúde de se esperar até 45 dias após o parto para que as grávidas com a primeira dose da vacina da AstraZeneca tomem a segunda dose não é um consenso entre os especialistas. “Esse intervalo maior que três meses não foi validado em ensaios clínicos randomizados e pode estar associado a maior risco de infecção por novas variantes, mais agressivas, como a delta", diz nota da Rede Feminista de Ginecologistas e Obstetras.

Segundo a ex-coordenadora do PNI Francieli Fantinato, há 70 casos de gestantes vacinadas neste esquema de intercambialidade de vacinas. “Desses 70 casos, nenhuma gestante, no nosso conhecimento, que esteja registrada, foi a óbito”, disse em depoimento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19.

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Fonte: Ministério da Saúde

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