Amazônia

Alertas de desmatamento na Amazônia batem recorde pelo quarto mês seguido

Números indicam que o desmatamento anual deverá ultrapassar, pela terceira vez, a marca de mil 10 km² de destruição florestal, o que não ocorria desde 2008

Gabriela Chabalgoity*
postado em 09/07/2021 13:54 / atualizado em 09/07/2021 13:55

De acordo com dados do sistema Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento na Amazônia atingiu, em junho, uma área de 1.061,9 km², o pior índice para esse mês desde o início da série histórica, em 2016. O número representa um aumento de 1,8% em relação a junho de 2020.

Junho é o quarto mês consecutivo com recorde de devastação neste ano. Os primeiros seis meses de 2021 somam uma área desmatada de 3.609,6 km², um crescimento de 17% em relação ao primeiro semestre do ano passado.

De acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira, o Pará foi o estado com maior área desmatada em junho, com 438,4 km², o equivalente a 41% do total registrado na região durante o mês.

Na última terça-feira (6/7), o vice-presidente, Hamilton Mourão, afirmou que o objetivo do governo federal é reduzir em até 12% a taxa anual de desmatamento na região amazônica por meio da nova operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). “Vamos atuar em força neste mês de julho, de modo que a gente feche o ciclo com uma redução na faixa de 10%, 12%. O ponto focal é que todas as agências cooperem para que haja uma sinergia nesse negócio”, disse.

Para o Observatório do Clima, no entanto, a meta de chegar ao fim de julho com uma redução de cerca de mil km² de área devastada em relação ao ano de 2020 é "inaceitável". A organização aponta que o objetivo representa um aumento de 150% em relação à meta de 3.925 km² de desmatamento fixada em 2009 na lei da Política Nacional sobre Mudança Climática.

Também lembra que, entre 2009 e 2018, foi registrada média de 6,4 mil km² de desmatamento anual, e nos dois primeiros anos do governo Bolsonaro a média passou para 10,4 mil km².

Além disso, em nota, a entidade afirmou que não há controle do desmatamento. “O governo renunciou à obrigação de combater o crime ambiental. Além de discursos contra o Ibama e o ICMBio, Bolsonaro promoveu mudanças em normas e imobilizou a estrutura de fiscalização. Desde outubro de 2019, um artifício burocrático criado pelo governo trava a cobrança de multas ambientais em todo o país. Em 2020, as multas por crimes contra a flora nos nove estados da Amazônia despencaram 51% na comparação com 2018, último ano antes do início do regime Bolsonaro”, afirmou a organização.

Levantamento

O Deter é um levantamento rápido de alertas de evidências de alteração da cobertura florestal na Amazônia, feito pelo Inpe. O mecanismo foi desenvolvido como um sistema de alerta para dar suporte à fiscalização e controle de desmatamento e da degradação florestal realizadas pelo Ibama e demais órgãos ligados ao meio ambiente.

*Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo

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