ECOLOGIA

Após décadas divulgando dados cruciais, governo tira do Inpe alerta de incêndios

A informação foi confirmada durante uma reunião realizada pelo Ministério da Agricultura

Correio Braziliense
postado em 14/07/2021 06:00
Desde 2019, o governo queria alterar o sistema e a divulgação de informações -  (crédito: Oli SCARFF / AFP)
Desde 2019, o governo queria alterar o sistema e a divulgação de informações - (crédito: Oli SCARFF / AFP)

O governo federal excluiu o Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) da atribuição de divulgar os dados sobre alertas de incêndios e queimadas. O órgão fazia esse trabalho há décadas, divulgando diariamente dados técnicos sobre o avanço do fogo no país, uma ferramenta crucial para orientar o avanço dos incêndios, bem como o volume queimado em cada região.

A informação foi confirmada durante uma reunião realizada pelo Ministério da Agricultura. No encontro, que teve a participação da ministra Tereza Cristina, o diretor do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Miguel Ivan Lacerda de Oliveira, afirmou que, desde ontem, o Inmet é o órgão que fará esse trabalho, por meio de seu novo Painel de Monitoramento ao Risco de Incêndio, ferramenta que vai monitorar e divulgar os locais com maior probabilidade de ocorrência dos focos no Brasil.

“Acho que a gente está contribuindo não só para juntar as informações sobre risco no sistema nacional de meteorologia. A gente já fechou que não haverá mais emissões do Inpe sobre incêndio ou do Censipam (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia, será do sistema nacional de meteorologia. Todos os relatórios do governo federal serão passados por esse sistema, que está sendo organizado aqui. Provavelmente a gente vai ter uma regulação do sistema nacional de meteorologia”, explicou Oliveira

Segundo o diretor do Inmet, a divulgação feita até agora teria problemas de integração de dados. “É um problema que o Brasil enfrentava há décadas, na verdade há mais de 40 anos, a pulverização na divulgação de dados sobre incêndio e meteorologia”, disse.

Por meio de nota, o Ministério da Agricultura declarou que “a iniciativa se deu devido aos incêndios florestais e queimadas, que ocorrem normalmente de julho a setembro no Brasil central, ocasionando grande impacto ao meio ambiente, ao agronegócio e à economia brasileira. Diante disso, o Inmet estrategicamente passa a monitorar o risco de incêndio para fornecer informações e possibilitar a adoção de medidas preventivas mais eficazes e econômicas”.

Desde 2019, o governo queria alterar o sistema e a divulgação de informações. Essa missão ficou a cargo do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, que, a mando do presidente Jair Bolsonaro, tentou mexer no sistema de dados. O monitoramento do desmate feito pelo Inpe motivou uma crise no governo após o presidente e integrantes de sua equipe questionarem os dados medidos pelo órgão.

Fogo controlado

E depois de quase cinco dias de combate às chamas, o incêndio no Parque Nacional das Emas (GO) foi finalmente controlado ontem. O fogo atingiu quase 28 mil hectares e começou após o time de combate ao incêndio perder o controle na construção de aceiros — que é o desbaste de um terreno em volta de propriedades, matas e coivaras, a fim de impedir a propagação das chamas.

“Estamos começando a extinção de possíveis focos em pontos isolados, que atingiu mais de 20 mil hectares”, explicou o diretor do parque, Marcos da Silva Cunha.

Os incêndios começaram na última sexta-feira, no começo da noite e o tempo seco dificultou o trabalho de combate às chamas pelos brigadistas. O Parque Nacional das Emas é predominante composto pelo Cerrado, com quase 133 mil hectares distribuídos entre os municípios de Chapadão do Céu, Mineiros e Serranópolis.

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