OBITUÁRIO

José Arthur Giannotti, professor e filósofo

Correio Braziliense
postado em 27/07/2021 23:48
 (crédito: Arquivo pessoal)
(crédito: Arquivo pessoal)

O professor José Arthur Giannotti, considerado um dos maiores nomes da filosofia brasileira, morreu, ontem, aos 91 anos. Paulista de São Carlos, era professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) e ajudou a fundar o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), entidade de estudos sociais e de formulação de políticas que surgiu em 1969 e reunia opositores do regime militar.

Giannotti era um dos mais respeitados estudiosos da obra de Karl Marx no Brasil, autor de obras que se concentram na reflexão sobre o trabalho. Além disso, era uma autoridade nas obras do filósofo alemão Martin Heidegger e do austríaco naturalizado inglês Ludwig Wittgenstein.

Após se mudar para a capital paulista com a família, decidiu ingressar na USP por influência do escritor Oswald de Andrade, que conheceu na adolescência. Entre as décadas de 1950 e 1960, fundou o grupo Seminários Marx, que também tinha entre seus participantes historiadores, economistas, cientistas sociais, críticos literários e filósofos — entre eles Fernando Henrique Cardoso (cujo governo atuou como membro da Comissão Nacional de Educação), Paul Singer, Ruth Cardoso e Roberto Schwarz, em diferentes gerações.

Presidentre do Cebrap em dois períodos — de 1984 a 1990 e de 1995 e 2001 —, Giannotti foi membro do Conselho Nacional de Educação (CNE) e de diversos conselhos deliberativos da área educacional e científica, como da Sociedade Brasileira de Pesquisa Científica (SBPC) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Ele publicou, entre outras obras, os livros Apresentação do mundo (1995), Certa herança marxista (2000), O jogo do belo e do feio (2005) e Lições de filosofia primeira (2011). No ano passado, aos 90 anos, lançou Heidegger/Wittgenstein: confrontos, que considerava ser seu melhor livro.

Em nota, o Cebrap classificou o professor como “um dos maiores intelectuais brasileiros” e lamentou a morte. “É com imensa tristeza que o Cebrap recebe a notícia do falecimento de um de seus fundadores, o prof. José Arthur Giannotti. Aos familiares e amigos que tiveram o privilégio de conviver com Giannotti, um dos maiores intelectuais brasileiros, nossas sinceras condolências”, diz a nota.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso registrou no Twitter: “Morreu hoje José Arthur Giannotti. Amigo há mais de 70 anos. Filósofo e grande leitor dos clássicos. Amigo como poucos, desses que são raros. Deixa saudades e gratidão”.

Felipe Salto, economista e diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI), publicou: “Em dezembro de 2014, tive a oportunidade de coordenar, no Centro Ruth Cardoso, um debate sobre a social-democracia no Brasil com o professor José Arthur Giannotti. Fica aqui minha singela homenagem no dia do seu falecimento”.

O sociólogo Sergio Abranches anotou: “Muito triste com a morte do filósofo José Arthur Giannotti, um dos maiores pensadores do Brasil. Vida longa dedicada ao pensamento”. Já o cientista político e diretor do Insper, Fernando Schuller, destacou que Giannotti foi “um dos mais agudos pensadores que conheci. Descanse em paz”.

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