O cientista político, professor e escritor Francisco Weffort, ex-ministro da cultura do governo Fernando Henrique Cardoso, morreu, ontem, aos 84 anos, vítima de um infarto miocárdio. Ele estava internado na Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro. Com trajetória de destaque marcada pela atuação acadêmica e política, era um dos mais importantes pesquisadores e defensores da consolidação dos valores democráticos na vida política brasileira.
Ele se tratava de um problema cardíaco diagnosticado recentemente. No último sábado, estava em Petrópolis (RJ), desmaiou e, já no hospital, passaria por uma cirurgia para a desobstrução de artérias e a colocação de uma válvula. Mas não resistiu.
Nascido em Quatá (SP), em 17 de maio de 1937, Weffort foi um dos fundadores do PT, partido que deixou nos anos 1990, antes de assumir o Ministério da Cultura de FHC. Permaneceu no cargo durante os dois mandatos do tucano, sendo o ministro que mais tempo ficou no posto desde o início do processo de redemocratização do Brasil.
Weffort formou-se em ciências sociais pela Universidade de São Paulo (USP), de onde virou professor em 1961, até que, com o golpe militar, foi impedido de continuar lecionando. Deixou o Brasil e tornou-se professor e pesquisador no Instituto Latino-Americano de Planificação Econômica e Social (Ilpes). Anos mais tarde, voltou a integrar o quadro de docentes da USP, onde permaneceu até 1995. Ao longo da carreira, lecionou, ainda, em prestigiadas instituições de pesquisa e ensino como as universidades de Essex (Inglaterra), Notre Dame (França) e de La Plata (Argentina), além do Woodrow Wilson Center (EUA).
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso anotou que “nas últimas semanas, perdi três grandes amigos: primeiro o Leôncio Martins Rodrigues, depois José Giannotti e agora o Francisco Weffort. Pessoalmente, a perda foi grande, assim como também perde a cultura brasileira”.
Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que Weffort teve uma atuação importante na estruturação do PT. “Foi um cientista político que marcou a academia brasileira, um professor por vocação e um intelectual público dedicado a pensar sobre a democracia e o Brasil, não só estudando e refletindo sobre nossa realidade, mas também atuando como cidadão pelas causas que acreditava para um país melhor”. Em nota, o PT divulgou destacou que Weffort que “durante a sua gestão na Cultura foi implantada a Lei do Audiovisual para o financiamento de projetos cinematográficos no país, que é considerada uma grande conquista para o setor”.
O ex-ministro da Cultura do governo Michel Temer e hoje deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ) publicou: “Perdemos um grande nome na construção de políticas públicas culturais: Francisco Weffort. Deixou contribuições importantíssimas para o país, como a implantação da Lei do Audiovisual”.
Para o secretário de Cultura e Economia Criativa de São Paulo, Sergio Sá Leitão, “Francisco Weffort ajudou a consolidar o MinC, valorizou as instituições federais da área e potencializou a Lei Rouanet”.
O governador Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, destacou: “Lamento a morte do ex-ministro da cultura, Francisco Weffort, exemplo de trabalho pelo país. Exemplo, também de um tempo em que um presidente valorizava a cultura e chamava alguém de outro partido para trabalharem juntos pelo país”.
*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi
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