PANDEMIA

Ocupação de UTIs está abaixo de 80%

Maria Eduarda Cardim
postado em 12/08/2021 00:56
 (crédito: Walterson Rosa)
(crédito: Walterson Rosa)

Diante do avanço da vacinação contra a covid-19 no Brasil, os primeiros sinais positivos da imunização em massa começam a aparecer e influenciar outros índices avaliados no combate à pandemia. A última edição do Boletim Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgada ontem, apontou que a ocupação de leitos de UTI covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) está abaixo de 80% em todos os estados. É a primeira vez que isso acontece desde outubro de 2020.

Somente cinco estados estão na zona de alerta intermediário, com taxas iguais ou maiores que 60% e menores do que 80%: Mato Grosso (79%), Goiás (78%), Roraima (70%), Rio de Janeiro (67%) e Rondônia (64%). Outros 21 estados e o Distrito Federal estão fora da zona de alerta. Assim, trata-se do melhor cenário observado pelos pesquisadores que acompanham esse índice desde julho do ano passado.

“A vacinação tem feito grande diferença na redução da gravidade de casos e de óbitos no país, mas é fundamental que o país se mantenha alerta à possibilidade de reveses no quadro de melhora, especialmente, no momento, por conta da propagação da variante Delta, considerada altamente transmissível”, observam os pesquisadores.

O Boletim ainda ressalta a importância da conclusão do esquema vacinal contra a covid-19. “Ampliar a vacinação completa para todos os elegíveis torna-se fundamental neste momento, incluindo campanhas e busca ativa para os que ainda não tomaram a segunda dose das vacinas que envolvem duas doses, como a CoronaVac, a AstraZeneca e a Pfizer”, reforça o documento.

Máscaras
Já o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, voltou a falar ontem sobre um possível fim da obrigatoriedade do uso de máscaras no Brasil ainda este ano. Ele afirmou que a população brasileira vai “poder tirar de uma vez por todas essas máscaras”.

“Garanto a vocês: até o final do ano toda a população brasileira estará vacinada contra a covid-19. Poremos fim ao caráter pandêmico dessa doença para tirar, de uma vez por todas, essas máscaras, e desmascarar aqueles que, mesmo que nunca tenham usado máscaras, precisam ser desmascarados”, disse, na inauguração da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Paranoá, em Brasília.


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Imunização 7 vezes mais forte

O Instituto Butantan divulgou, ontem, que uma terceira dose da CoronaVac para quem já recebeu as duas da vacina é capaz de aumentar a imunidade contra o coronavírus em até sete vezes. A conclusão é de dois estudos divulgados pela Sinovac, fabricante do imunizante reproduzido pela instituição paulista, mas que ainda não foram revisados por outros cientistas.

O primeiro deles avaliou a resposta da terceira dose após seis meses da conclusão do esquema vacinal em pessoas de 18 a 59 anos. Neste, a resposta imune foi multiplicada de três a cinco vezes. O outro teste foi feito com voluntários com mais de 60 anos, que receberam a terceira dose oito meses depois da aplicação da segunda dose.

“Essa resposta foi até mais substancial: foi de cinco a sete vezes superior à resposta após as duas doses”, informou o diretor do Butantan, Dimas Covas, que ressaltou que ainda não se cogita uma dose adicional da CoronaVac.

Mas, enquanto isso não se define, outros medicamentos estão sendo avaliados contra a covid-19. Ontem, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, por unanimidade, o uso emergencial da Regkirona (regdanvimabe) para o tratamento da covid-19. Este é o quarto medicamento autorizado pelo órgão regulador para o tratamento do novo coronavírus no Brasil. Antes dele, a autarquia havia registrado o Rendesivir e autorizado, de forma emergencial, duas associações de anticorpos monoclonais. São elas banlanivimabe combinada com etesevimabe e casirivimabe com imdevimabe.

O regdanvimabe é indicado para tratar a covid-19 manifestada de forma leve ou moderada, apenas em pacientes adultos que não necessitam de suplementação de oxigênio, mas que apresentam alto risco de progressão para a forma grave da doença. (MEC)

São Paulo e Rio cobram vacinas

O governador João Doria disse ontem que o Ministério da Saúde descumpriu o acordo feito verbalmente pelo ministro Marcelo Queiroga e não entregou as 228 mil doses da vacina contra a covid-19 da Pfizer “que prometeu enviar” ao estado. O governador, porém, afirmou que vai manter o início da vacinação de adolescentes para o dia 18. A declaração foi dada no Palácio dos Bandeirantes, uma semana após Doria ter apontado que o ministério deixou de enviar metade dos imunizantes previstos para São Paulo.

Após negociação, o governo federal havia dito na última sexta-feira que houve regularização no repasse dos lotes. “Ministro, eu aprendi com meu pai que é feio mentir, e que é feio prometer e não cumprir”, disse Doria, em referência a Queiroga. “Não entregou nem 228 (mil doses), nem 220, nem 50. Nada, absolutamente nada”, acrescentou.

No Rio de Janeiro, a aplicação da primeira dose contra a covid-19 foi mais uma vez suspensa por causa da falta de imunizantes. O prefeito Eduardo Paes afirmou que a cidade recebeu menos vacinas do que o necessário e, por isso, precisou fazer a interrupção. “Recebemos só 37.962 doses. Para vacinar o grupo de 24 anos, precisamos de 68 mil. Não vamos usar nosso estoque de segunda dose. Com isso, suspenderemos a vacinação da primeira de amanhã (hoje)”, escreveu no Twitter.

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