Diante do avanço da vacinação contra a covid-19 no Brasil, os primeiros sinais positivos da imunização em massa começam a aparecer e influenciar outros índices avaliados no combate à pandemia. A última edição do Boletim Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgada ontem, apontou que a ocupação de leitos de UTI covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) está abaixo de 80% em todos os estados. É a primeira vez que isso acontece desde outubro de 2020.
Somente cinco estados estão na zona de alerta intermediário, com taxas iguais ou maiores que 60% e menores do que 80%: Mato Grosso (79%), Goiás (78%), Roraima (70%), Rio de Janeiro (67%) e Rondônia (64%). Outros 21 estados e o Distrito Federal estão fora da zona de alerta. Assim, trata-se do melhor cenário observado pelos pesquisadores que acompanham esse índice desde julho do ano passado.
“A vacinação tem feito grande diferença na redução da gravidade de casos e de óbitos no país, mas é fundamental que o país se mantenha alerta à possibilidade de reveses no quadro de melhora, especialmente, no momento, por conta da propagação da variante Delta, considerada altamente transmissível”, observam os pesquisadores.
O Boletim ainda ressalta a importância da conclusão do esquema vacinal contra a covid-19. “Ampliar a vacinação completa para todos os elegíveis torna-se fundamental neste momento, incluindo campanhas e busca ativa para os que ainda não tomaram a segunda dose das vacinas que envolvem duas doses, como a CoronaVac, a AstraZeneca e a Pfizer”, reforça o documento.
Máscaras
Já o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, voltou a falar ontem sobre um possível fim da obrigatoriedade do uso de máscaras no Brasil ainda este ano. Ele afirmou que a população brasileira vai “poder tirar de uma vez por todas essas máscaras”.
“Garanto a vocês: até o final do ano toda a população brasileira estará vacinada contra a covid-19. Poremos fim ao caráter pandêmico dessa doença para tirar, de uma vez por todas, essas máscaras, e desmascarar aqueles que, mesmo que nunca tenham usado máscaras, precisam ser desmascarados”, disse, na inauguração da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Paranoá, em Brasília.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.
Imunização 7 vezes mais forte
O Instituto Butantan divulgou, ontem, que uma terceira dose da CoronaVac para quem já recebeu as duas da vacina é capaz de aumentar a imunidade contra o coronavírus em até sete vezes. A conclusão é de dois estudos divulgados pela Sinovac, fabricante do imunizante reproduzido pela instituição paulista, mas que ainda não foram revisados por outros cientistas.
O primeiro deles avaliou a resposta da terceira dose após seis meses da conclusão do esquema vacinal em pessoas de 18 a 59 anos. Neste, a resposta imune foi multiplicada de três a cinco vezes. O outro teste foi feito com voluntários com mais de 60 anos, que receberam a terceira dose oito meses depois da aplicação da segunda dose.
“Essa resposta foi até mais substancial: foi de cinco a sete vezes superior à resposta após as duas doses”, informou o diretor do Butantan, Dimas Covas, que ressaltou que ainda não se cogita uma dose adicional da CoronaVac.
Mas, enquanto isso não se define, outros medicamentos estão sendo avaliados contra a covid-19. Ontem, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, por unanimidade, o uso emergencial da Regkirona (regdanvimabe) para o tratamento da covid-19. Este é o quarto medicamento autorizado pelo órgão regulador para o tratamento do novo coronavírus no Brasil. Antes dele, a autarquia havia registrado o Rendesivir e autorizado, de forma emergencial, duas associações de anticorpos monoclonais. São elas banlanivimabe combinada com etesevimabe e casirivimabe com imdevimabe.
O regdanvimabe é indicado para tratar a covid-19 manifestada de forma leve ou moderada, apenas em pacientes adultos que não necessitam de suplementação de oxigênio, mas que apresentam alto risco de progressão para a forma grave da doença. (MEC)
São Paulo e Rio cobram vacinas
O governador João Doria disse ontem que o Ministério da Saúde descumpriu o acordo feito verbalmente pelo ministro Marcelo Queiroga e não entregou as 228 mil doses da vacina contra a covid-19 da Pfizer “que prometeu enviar” ao estado. O governador, porém, afirmou que vai manter o início da vacinação de adolescentes para o dia 18. A declaração foi dada no Palácio dos Bandeirantes, uma semana após Doria ter apontado que o ministério deixou de enviar metade dos imunizantes previstos para São Paulo.
Após negociação, o governo federal havia dito na última sexta-feira que houve regularização no repasse dos lotes. “Ministro, eu aprendi com meu pai que é feio mentir, e que é feio prometer e não cumprir”, disse Doria, em referência a Queiroga. “Não entregou nem 228 (mil doses), nem 220, nem 50. Nada, absolutamente nada”, acrescentou.
No Rio de Janeiro, a aplicação da primeira dose contra a covid-19 foi mais uma vez suspensa por causa da falta de imunizantes. O prefeito Eduardo Paes afirmou que a cidade recebeu menos vacinas do que o necessário e, por isso, precisou fazer a interrupção. “Recebemos só 37.962 doses. Para vacinar o grupo de 24 anos, precisamos de 68 mil. Não vamos usar nosso estoque de segunda dose. Com isso, suspenderemos a vacinação da primeira de amanhã (hoje)”, escreveu no Twitter.