Em 30 anos, 16% da superfície de água do Brasil desapareceu. No estado mais afetado, Mato Grosso do Sul, mais da metade (57%) de todo o recurso hídrico foi perdido desde 1990 — cuja redução deu-se no Pantanal, em um dos biomas mais importantes do país. Todos os biomas brasileiros foram afetados e suas perdas mensuradas em pesquisa inédita do MapBiomas, projeto que reúne universidades, organizações ambientais e empresas de tecnologia.
Ao todo, 3,1 milhões de hectares de superfície de água sumiram, o equivalente a mais de uma vez e meia de todo o recurso hídrico disponível no Nordeste em 2020. Das 12 regiões hidrográficas, oito apresentam os efeitos do desmatamento, da mudança climática e da destruição de mananciais, refletido na crise hídrica que afeta o meio ambiente e a geração de energia elétrica.
Após Mato Grosso do Sul, completam as três primeiras posições da lista Mato Grosso, com perda de quase 530 mil hectares, e Minas Gerais, com saldo negativo de mais de 118 mil hectares. Boa parte dos pontos de maior redução encontram-se próximos a fronteiras agrícolas, o que sugere que o aumento do consumo e a construção de represas em fazendas, que provocam assoreamento e fragmentação da rede de drenagem, trazem prejuízos para a própria produção.
Comissões
A despreocupação do governo federal em relação à preservação ambiental pôde ser percebida, mais uma vez, ontem, em dois debates no Senado. Sem a presença de representantes do Ministério do Meio Ambiente, enquanto uma comissão discutia soluções para a convergência de interesses da ecologia com os do agronegócio, outra debatia a fiscalização, transparência e controle dos desmatamentos e queimadas na Amazônia.
Na primeira, cujos trabalhos foram conduzidos pela senadora Kátia Abreu (PP-TO), o ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto França, assegurou, entre outras coisas, que o governo federal tem levado adiante políticas de fomento ao uso de insumos biológicos na agricultura. Foi contraditado pela ex-ministra do Meio Ambiente do governo Dilma Rousseff, Izabella Texeira.
“A implosão da governança pública na área política e ambiental compromete um planejamento de futuro”, salientou.
Já na audiência sobre queimadas na Amazônia, Mônica Sodré, diretora-executiva da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS), fez um alerta: “Somos, hoje, o quinto maior emissor de gases de efeito estufa no mundo, 44% das nossas emissões advêm das mudanças no uso da terra”.
A comissão tinha a expectativa de contar com a presença do vice-presidente Hamilton Mourão. Em seu lugar, o coronel Carlos Alberto Sucha, coordenador da Comissão Integradora do Conselho Nacional da Amazônia, buscou dar a versão do governo sobre as ações contra o desmatamento do bioma. (Colaborou Tainá Vieira)
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