saúde pública

Casos de vaca louca acende alerta e suspendem exportações no país

Secretaria de Defesa Agropecuária paralisa o comércio de carne bovina com a China, até que Pequim avalie resultados da investigação das duas ocorrências, em Minas Gerais e no Mato Grosso. Ministra descarta riscos à população

Luiz Ribeiro
Elian Guimarães
postado em 05/09/2021 06:00
"Eu quero só tranquilizar a população de que é um caso atípico, não tem problema para a saúde pública", Tereza Cristina, ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Dois casos atípicos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) — doença mais conhecida como mal da vaca louca — foram confirmados, ontem, no Brasil: em um frigorífico de Belo Horizonte e em uma empresa de Nova Canaã do Norte (MT). O animal identificado com a doença na capital mineira foi adquirido em uma fazenda do Norte de Minas Gerais. A Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) suspendeu as exportações de carne bovina à China assim que confirmou o diagnóstico, em atendimento a protocolo sanitário firmado entre os dois países. O mal da vaca louca atípico normalmente acomete animais com idade mais avançada.

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, minimizou as ocorrências. “Eu quero só tranquilizar a população de que é um caso atípico, não tem problema para a saúde pública. Os casos foram isolados, então, agora, o ministério vai tomar todas as providências e dizer que isso não acontece só no Brasil. Quando esse caso é achado, é porque a gente está verificando, senão, não achava”, disse, durante evento em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

Tereza Cristina afirmou que a pasta manterá todos os protocolos existentes para várias doenças e destacou que também foram registrados casos na Espanha, na Bélgica e nos Estados Unidos. Ela reafirmou que cabe ao Mapa fazer inspeção e fiscalização. “Por isso, o caso foi encontrado, ou seja, o Mapa está cumprindo com sua obrigação”, argumentou.

Os dois casos foram detectados em animais com vida, duas vacas de descarte que apresentavam idade avançada e estavam em decúbito nos currais, de acordo com nota emitida pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa. O governo brasileiro notificou oficialmente a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), como de praxe. São, respectivamente, o quarto e o quinto casos de EEB atípicos registrados em mais de 23 anos de vigilância contra a doença. O animal sacrificado no frigorífico de Belo Horizonte foi adquirido de uma propriedade rural do Norte de Minas Gerais.

Tipo clássico

De acordo com a Secretaria de Defesa Agropecuária, o Brasil jamais registrou a ocorrência de casos de EEB clássica. A pasta informou que as ações sanitárias de mitigação de risco foram concluídas antes mesmo da divulgação do resultado dos testes no material colhido nos animais pelo laboratório de referência da OIE, em Alberta, no Canadá. “Não há risco para a saúde humana e animal”, afirma nota divulgada à imprensa. Em relação às exportações brasileiras de carne bovina à China, os embarques ficarão suspensos temporariamente. A medida, que passou a valer ontem, se estenderá até que as autoridades de Pequim concluam a avaliação sobre as informações repassadas a respeito dos casos detectados.

O Ministério da Agricultura observou que a OIE exclui a ocorrência de casos de EEB atípica para efeitos do reconhecimento do status oficial de risco do país. “Desta forma, o Brasil mantém sua classificação como país de risco insignificante para a doença, não justificando qualquer impacto no comércio de animais e seus produtos e subprodutos”, diz a nota do Mapa.

Sete entidades ligadas à agropecuária criarão um fundo privado para dar suporte às ações de defesa sanitária, com o propósito de prevenir e combater doenças que possam atacar os rebanhos em Minas Gerais. O anúncio foi postado em vídeo na página da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), com mensagem do superintendente técnico da instituição, Altino Rodrigues Neto.

Causa na proteína animal

A condição atípica da doença surge da deformação originada de uma proteína que o próprio corpo do animal fabrica, o que leva especialistas a descartar a possibilidade de contaminação por ingestão. O Brasil proíbe a produção e alimentação de gado com proteína animal e há fiscalização rigorosa. Os protocolos sanitários brasileiros também vetam a utilização de farinha de carne na alimentação dos animais. Acordos internacionais determinam que qualquer país, diante de uma suspeita de ocorrência do mal da vaca louca, suspenda a venda de carne e execute medidas de detecção, isolamento e análise da doença e sua origem.

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