Os professores brasileiros nos anos finais do ensino fundamental têm os piores salários entre 40 países avaliados em um estudo da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE). O piso salarial dos docentes do país se mostrou o mais baixo entre 37 nações do bloco e dos três países parceiros representados no levantamento. Isso quer dizer que o Brasil investe mal e pouco no setor.
Em média, um professor brasileiro recebe R$ 131.407 (US$ 25.030) por ano no nível pré-primário; R$ 133.171 (US$ 25.366), no nível primário; R$ 135.135 (US$ 25.740), no nível secundário inferior geral; e R$ 140.301 (US$ 26.724), no nível secundário superior geral. Nos outros países da OCDE, porém, as remunerações médias anuais dos professores eram de R$ 213.711 (US$ 40.707), R$ 239.856 (US$ 45.687), R$ 251.937 (US$ 47.988) e R$ 271.682 (US$ 51.749) — respectivamente no pré-primário, primário, secundário inferior e superior.
Para Alfredo Freitas, diretor de educação e tecnologia da Ambra University, o índice brasileiro na pesquisa reflete a falta de investimento na educação, e, por consequência, a ausência de resultados. “O ensino é uma atividade que demanda muito de pessoas. O ensino precisa de pessoas, mas não só de pessoas; precisa de pessoas, de processos, de uma cultura, de uma boa organização e de incentivos para que essas pessoas realmente consigam fazer uma boa formação. Por exemplo: no Brasil, nós temos um sistema que funciona muito bem no ensino médio nas instituições particulares. Por quê? Porque existem métricas objetivas. As pessoas são aprovadas em boas universidades e ali, em torno dessas métricas, muitas instituições privadas conseguem criar uma estrutura muito boa”, explicou.
Mesmo os professores universitários, que no Brasil recebem salários maiores, têm uma remuneração 48,4% inferior em relação à média mundial. Freitas avalia que, para haver uma mudança real no cenário, é necessário políticas públicas que não só incentivem, como também beneficiem e recompensem os docentes e alunos.
Dados do levantamento sobre o impacto da pandemia do novo coronavírus também mostraram que o Brasil foi o país que fechou as escolas por mais tempo durante a pandemia. Segundo a sondagem, o Brasil foi o último a voltar presencialmente nas escolas pré-primárias — na educação básica, só ficou atrás do México em período de fechamento. Ambos os países totalizaram mais da metade dos dias de 2020 com as instituições de ensino trancadas. “Sempre que possível, as escolas devem permanecer abertas, com medidas de saúde adequadas que minimizem os riscos para alunos, funcionários e o restante da população”, aponta o estudo.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.
Ribeiro se desculpa por falas preconceituosas
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, pediu desculpas, ontem, por declarações polêmicas sobre minorias e educação. Em audiência pública na Comissão de Educação, Esportes e Cultura do Senado, afirmou ter ficado surpreso com a repercussão de suas falas — chegou a afirmar que “universidade deve ser para poucos” e que “crianças com deficiência em sala de aula com crianças sem deficiência, além de não aprender nada, atrapalha o aprendizado dos outros”.
“Esse foi o meu grande erro. Porque há uma linguagem e um vocabulário próprio para tratar desses assuntos. Desse assunto ,que é tão sensível e que me entristeceu de uma maneira muito grande. Eu, pela minha própria formação, até religiosa, ter tido essa pecha de ser um homem que quer lançar os deficientes num fosso e em uma vala, isso me tocou demais. Eu fiquei muito sentido. E não é essa a realidade e nem é esse o meu pensamento”, explicou.
Para o Senador Fabiano Contarato (Rede-ES), a população merece mais que um “pedido de desculpas”. “A sociedade brasileira merece um pedido de desculpas, mas um pedido de desculpas com medidas de inclusão, com ação. O mínimo que o senhor deve à população brasileira é um pedido de desculpas — aos pobres, negros, índios, pessoas com deficiência, população LGBTQIAP+, mas não só pedido de desculpas”, cobrou.
Em 9 de agosto, Ribeiro disse, em entrevista ao programa Novo Sem Censura, da TV Brasil, que a “universidade deveria, na verdade, ser para poucos, nesse sentido de ser útil à sociedade”. Sobre o “inclusivismo”, quando um deficiente é incluído em uma sala de aula com educação regular, disse que a criança “não aprendia”, “atrapalhava”, pois “a professora não tinha conhecimento para dar a ela atenção especial”. (GB com Gabriela Chabalgoity e Bernardo Lima, estagiários sob a supervisão de Fabio Grecchi)