Embora o ministério da Saúde tenha recuado na orientação de suspender a vacinação de adolescentes, a decisão pouco altera a rotina da imunização na maior parte do país. Isso porque a recomendação anterior não tinha sido adotada pela maioria dos governadores e prefeitos. Ignorando a orientação da pasta, 21 capitais e o Distrito Federal haviam decidido dar continuidade à imunização do grupo.
Entre as capitais, a campanha vacinal sofrerá mudanças apenas em Macapá e João Pessoa, que optaram por seguir o ministério e interromper a vacinação dos adolescentes. Teresina, Curitiba e Cuiabá, que ainda não haviam começado a vacinar a faixa etária, também devem seguir a campanha normalmente.
O titular do Ministério da Saúde, Marcelo Queiroga, foi duramente criticado pela suspensão da imunização para o grupo, por especialistas, por uma parcela da população e, principalmente, por governadores e prefeitos. Na ocasião, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) chegou a divulgar uma nota afirmando que não havia “evidências que subsidiem ou demandem alterações nas condições aprovadas para a vacina”.
Agora, a única restrição do ministério é que a imunização dessa faixa etária ocorra quando os grupos prioritários tiverem completado o calendário vacinal com as duas doses: além dos idosos com mais de 70 anos e as pessoas imunossuprimidas tiverem recebido o reforço.
Para o infectologista do hospital Emílio Ribas Jamal Suleimann, a interrupção no processo de vacinação dos adolescentes foi mais um dos erros na estratégia do Ministério da Saúde. “A única coisa que nós temos para sair da pandemia é a imunização, e se a vacina é segura para adolescentes, adultos e idosos, não tem por que não fazer”, explicou.
“O argumento de que era relacionado a um evento adverso não se sustentou. No mundo inteiro, quando você tem disponibilidade de vacina a abordagem primária é dos grupos mais vulneráveis. Mas como é um vírus de circulação respiratória, você precisa proteger todo mundo para garantir a restrição da circulação desse vírus”, acrescentou o especialista.
Credibilidade
Além disso, ele alertou para a necessidade de uma campanha intensiva de vacinação desse público. “Esse processo de começar a imunizar e parar, depois volta a imunizar, é danoso para o programa de imunização como um todo, porque isso reduz a credibilidade de uma estratégia bastante eficaz de bloqueio da infecção. É a primeira vez que isso ocorre. O trabalho tem que ser exatamente no sentido de estimular a população para que ela entenda que ela é parte desse processo”, finalizou.
* Estagiárias sob a supervisão de Odail Figueiredo
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