Jornal Correio Braziliense

Pandemia

Brasil registra queda de mortes por covid-19 pela 10ª semana consecutiva

Levantamento confirma que avanço da imunização vem freando a disseminação do novo coronavírus. Mas alerta: desconsiderar o poder da cepa Delta pode provocar um retrocesso. Por isso, não se deve abandonar o distanciamento e as máscaras

Graças do avanço da vacinação contra a covid-19 no país, o Brasil registrou, pela 10ª semana consecutiva, uma queda no número de óbitos pela covid-19. De acordo com o último Boletim Observatório Covid-19, elaborado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado ontem, houve uma redução na média diária de 1,6% das mortes durante a semana de 15 a 28 de agosto. O número de casos da doença também sofreu redução: 2,4% a menos por dia no mesmo período. Os pesquisadores ressaltam, no entanto, que alguns pontos mostram que ainda é necessária atenção ante a possibilidade de agravamento da pandemia, sobretudo pelo avanço da variante Delta.

“A vacinação tem sido decisiva para a redução dos riscos de agravamento da doença, resultando na manutenção de um quadro geral de melhoria das taxas de ocupação de leitos de UTI de covid-19 para adultos no SUS (Sistema Único de Saúde). Porém, alguns aspectos importantes no contexto atual devem ser considerados”, aponta trecho do boletim. Um dos pontos de atenção é que a maioria da população adulta ainda não completou o esquema vacinal com duas doses ou a única da vacina da Janssen, fundamental para garantir maior efetividade dos imunizantes.

“Segundo, as vacinas, sem dúvida, resultam em proteção, mas não impedem completamente a transmissão do vírus Sars-CoV-2”, salientam os pesquisadores no texto. O terceiro ponto de alerta mencionado pelo boletim é o processo de relaxamento de medidas de distanciamento físico, adotado por muitos governantes e pela população. “O conjunto desses fatores resulta em um cenário que combina incertezas com exigência de muita atenção”, indicam.

O boletim lembra, ainda, que, ao se observar os níveis de incidência de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG), há uma tendência geral de redução no país. Mas cinco unidades da federação ainda apresentam grau de incidência extremamente alto: Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Distrito Federal. Algumas capitais também registram tendência de aumento desses casos. As ocorrências são um parâmetro de monitoramento da pandemia de covid-19, uma vez que o Sars-CoV-2 é responsável por 96,6% dos casos virais de SRAG registrados desde 2020.

Os pesquisadores destacam que a conclusão do esquema vacinal contra a covid-19 de toda a população vacinável é a medida mais eficaz para frear qualquer sinal de aumento de casos de covid-19. “É importante combinar as estratégias de ampliação da disponibilidade de vacinas para os diferentes grupos populacionais, incluindo, de imediato, idosos necessitando a terceira dose e adolescentes a partir dos 12 anos, com campanhas de estímulo das pessoas que devem receber ambas as doses, a busca ativa de faltantes e a organização da rede de atenção básica do SUS mais próxima da população e com condições de atendimento e aplicação de vacinas”, sugere o Observatório.

Entregas e atrasos


O Ministério da Saúde pretende concluir, ainda hoje, o envio aos estados e ao DF de 16 milhões de doses da vacina contra a covid-19. Serão 10,4 milhões de imunizantes da CoronaVac e 5,6 milhões de unidades da Pfizer. A vacina da AstraZeneca ficou de fora da distribuição, pois a Fiocruz não fez entregas à pasta nesta semana.

Por causa de um atraso na chegada do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), ainda necessário para produzir a vacina contra covid-19 da AstraZeneca no Brasil, a fundação ficará duas semanas sem repassar doses do imunizante ao ministério. As próximas entregas, de acordo com a instituição, estão programadas para a semana de 13 a 17 deste mês.

A fundação explicou que todas as doses relativas ao lote de IFA recebido em 25 de agosto foram produzidas e estão na etapa de controle de qualidade — e uma parte dos imunizantes com base no lote recebido na última segunda-feira também foi produzida. Desde o começo do ano, a Fiocruz entregou 91,9 milhões de doses ao Programa Nacional de Imunizações (PNI).

 

1,6% foi o percentual de redução média dos óbitos causados pela covid-19. O de casos, foi 2,4%