Rio de Janeiro

Mortos por roubar passarinho

A Polícia Civil do Rio de Janeiro confirmou, na quinta-feira, que os três meninos de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, desaparecidos há oito meses, foram mortos por traficantes da favela Castelar. Segundo o secretário da Polícia Civil, Allan Turnowski, desde o início essa era a linha mais forte da investigação, e o inquérito deve ser concluído em pouco tempo. “Tínhamos várias linhas de investigação, mas a principal teoria sempre foi a de que o tráfico estaria envolvido nessas mortes. Alguns depoimentos indicavam o envolvimento da quadrilha do Castelar”, disse o secretário.

Lucas, de 8 anos, Fernando Henrique, de 11 anos, e Alexandre, de 10 anos, desapareceram na manhã de 27 de dezembro de 2020, quando saíram para brincar no campo de futebol ao lado do condomínio onde moravam, no bairro Castelar. Como não voltaram para almoçar, as famílias iniciaram as buscas. Com apoio da Fundação da Infância e da Adolescência, conselhos tutelares e polícias de todo o país foram avisadas. A solidariedade amenizou um pouco a angústia das famílias, que ainda enfrentaram a avalanche de fake news sobre o caso, que inundou as redes sociais, e que também foi alimentada pelos traficantes para despistar a polícia.

Em maio, uma operação contra o tráfico de drogas no Complexo do Castelar prendeu 17 pessoas. A partir daí, a linha de investigação seguiu a pista de que o trio teria sido capturado pelos bandidos depois de furtar uma gaiola com passarinho que pertencia a um traficante local. Em julho, um homem acusou o irmão de ocultar o corpo dos três meninos em um local próximo a uma ponte sobre o rio Botas. Mas não foram encontrados vestígios dos meninos, apenas uma ossada de animal.

Turnowski disse que os traficantes do Castelar teriam pedido autorização aos líderes da facção criminosa para matar quem roubou o passarinho, mas não disseram que os supostos ladrões eram crianças. Por isso, o chefe do tráfico do Castelar teria sido morto como “queima de arquivo”, após avanço das investigações. A polícia já tem alguns nomes suspeitos de participação nos crimes, mas só serão divulgados quando o inquérito for concluído.

*Estagiária sob supervisão de Vinicius Doria