O Brasil atingiu ontem a marca de 108.025.121 pessoas totalmente vacinadas contra a covid-19. Isso representa metade da população brasileira imunizada (50,6%). Ao todo, 261.461.860 de doses foram aplicadas até hoje, de acordo com o vacinômetro do Ministério da Saúde.
O Programa Nacional de Imunização distribuiu 310.498,347 de doses em todo o país. E cerca de 151.912.237 de brasileiros tomaram a primeira aplicação de imunizante contra a covid-19. As mulheres são maioria da população parcialmente vacinada. Elas configuram 53,5% (135.608.711 de pessoas) do público que recebeu ao menos uma dose anticovid. Homens representam 46,5% (117.635.841 de pessoas) desse contingente.
A vacinação contra o coronavírus começou em janeiro deste ano no Brasil. De lá para cá, indicadores mostraram avanços significativos no combate à doença, a começar pela redução da quantidade de mortes diárias. No último dia 7, o país registrou a menor média móvel de vidas perdidas, conforme divulgado pelo Ministério da Saúde. O índice, que contabiliza os óbitos nos últimos 14 dias, ficou em 489 mortes. T
rata-se da menor marca registrada desde 22 de novembro de 2020, quando o país marcou uma média de 484,71 óbitos. Atualmente, o número está abaixo da casa dos 400.
Graças ao avanço da imunização, setembro teve o menor registro de mortes por covid em 2021, segundo os dados do Ministério da Saúde. Naquele mês, foram notificadas 16,3 mil vidas perdidas. “Comparado a abril, mês com o maior número de registros (82,2 mil), a redução de mortes é de 80%”, informa o boletim divulgado pela pasta em 5 de outubro.
Cautela
Outro ponto que reforça o impacto vacinal é o boletim InfoGripe, divulgado ontem pela Fundação Oswaldo Cruz. O relatório mostrou que o Brasil mantém sinal de estabilidade de casos e óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), um sintoma da covid que pode levar à internação. Com relação à faixa etária, o boletim verificou cenário de estabilidade, “com pequenas oscilações, em todas as faixas analisadas”. “Em função do avanço da cobertura vacinal de primeira e segunda dose entre adultos e jovens adultos, é fundamental acompanhar a evolução de casos entre a população de crianças, adolescentes e idosos a fim de acompanhar a tendência do nível de transmissão comunitária”, ressaltou o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.
Os dados referem-se ao período de 10 de setembro a 16 de outubro. Em todo o país, o cenário aponta para níveis de estabilidade nas últimas seis semanas e crescimento leve nas últimas três semanas. “Por se tratar de crescimento leve, é ainda compatível com cenário de estabilidade, porém aponta necessidade de cautela e acompanhamento adequado do impacto das medidas de flexibilização em decorrência da interrupção na tendência de queda”, afirma Gomes.
Profissionais de saúde ouvidos pelo Correio indicam que a marca de 50% da população imunizada é boa, mas não ideal para o controle da pandemia no Brasil. Por essa razão, os cuidados devem ser mantidos. “Ainda estamos com a circulação da variante delta, que é altamente transmissível”, reforça Valéria Paes, infectologista do Hospital Sírio-Libanês Brasília. “No entanto, observamos uma diminuição progressiva de casos novos da covid, especialmente com a redução de mortes diárias”, completa. A médica ressalta a importância da imunização.
“Todas as vacinas atuais são extremamente seguras. Não há nenhuma situação em que a gente contraindique a imunização. Ainda que haja alguns efeitos colaterais após a dose 1, na grande maioria dos casos são reações leves e passageiras. O benefício da imunidade compensa bastante os efeitos”, explica Valéria Paes.
Adele Vasconcelos, médica intensivista do Hospital Santa Marta, também destaca a importância da vacinação para o controle da pandemia. “Qualquer pessoa que vive em sociedade pode ser fator de transmissibilidade da covid, caso entre em contato com outra pessoa. Se este indivíduo não está vacinado, pode desenvolver sintomas graves da doença”, alerta.
A médica, que presenciou a morte de diversos pacientes acometidos do novo coronavírus, elenca as vantagens da vacinação. ”O primeiro é o benefício próprio, reduzindo as chances de adoecer. Depois, a proteção contra os sintomas graves da doença. Por fim, o benefício da coletividade. É com a maior parte da população totalmente vacinada que se conseguirá diminuir (significamente) a taxa de transmissão do vírus”, frisa.
*Estagiário sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza
Vacinação em números
108.025.121
pessoas totalmente vacinadas contra a covid-19 (50,6%)
Mulheres vacinadas (1ª dose)
135.608.711
53,5%
Homens vacinados (1ª dose)
117.635.841
46,5%
Fonte: Ministério da Saúde
Balanço do Outubro Rosa
Em campanha do Outubro Rosa contra o câncer de mama, o Ministério da Saúde divulgou o balanço das ações da pasta na luta contra a doença. O ministro da pasta, Marcelo Queiroga, destacou a realização, este ano, de 4,2 milhões de procedimentos de quimio e radioterapia em 108 mil mulheres. Ele mencionou ainda 2 milhões de mamografias, 9,1 mil cirurgias e 2,1 milhões de reconstruções mamárias. “Oferecemos todas as opções terapêuticas, tratamento cirúrgico, tratamento quimioterápico, com radioterapia e a possibilidade de reconstituição da mama. Nosso compromisso é ampliar o acesso para dar mais dignidade às nossas mulheres. O governo ampliou em quase quatro vezes a distribuição de equipamentos de aceleradores lineares para o tratamento do câncer”, disse o titular da pasta. Mas ainda há desafios. Daniel Marques, oncologista da Rede D’Or São Luís aponta a dificuldade de acesso a exames diagnósticos. “No SUS, nem todas as mulheres têm acesso ao exame para diagnóstico precoce, que é a mamografia. A realização desse exame pela rede pública é relativamente baixa em comparação com o sistema privado e impacta negativamente, já que é isso o que aumenta a chance de salvar vidas. Quando se fala em relação ao tratamento de mama, a biópsia em alguns serviços públicos ainda é muito demorada, assim como a quimioterapia e a espera pela cirurgia”, observou. (Ingrid Soares)
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Passaporte para a pancadaria
Já adotado em alguns estados e municípios, o passaporte da vacinação, que veta a entrada de pessoas que não se vacinaram em determinados locais, segue rendendo confusão. Uma sessão plenária na Câmara Municipal de Porto Alegre, que discutia o veto da prefeitura da cidade à exigência do comprovante da vacina contra a covid-19, precisou ser interrompida após um tumulto entre vereadores e manifestantes contrários à medida, que assistiam a sessão.
A confusão começou depois que o presidente interino da Câmara Municipal, vereador Idenir Cecchim (MDB), pediu aos seguranças que retirasse do plenário os manifestantes. Alguns seguravam cartaz com símbolo nazista. “Retire essa senhora do recinto que ela não merece estar aqui. [...] Não me obriguem a pedir a retirada de todo mundo”, disse Cecchim.
O presidente interino pediu aos colegas que voltassem aos seus lugares, mas a confusão já havia se instalado. Os vereadores chamaram a segurança para intervir, pois integrantes da assembleia estavam sendo agredidos.
Idenir Cecchim e a Mesa Diretora da Casa repudiaram os atos violentos que aconteceram no plenário por meio de nota oficial. “Este Legislativo rejeita qualquer forma de intimidação contra seus integrantes. Em hipótese alguma esta Câmara aceitará apologia à suástica, símbolo do período mais obscuro da história moderna da humanidade", diz o texto.
Em boletins recentes, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) defenderam a adoção da medida como importante estratégia para estimular e ampliar a vacinação no país. O presidente Jair Bolsonaro diz que se depender do governo federal, não haverá passaporte de vacinação.
Até o momento, o governo federal não instituiu diretrizes para a adoção da medida. A ausência de normas em nível nacional, segundo os pesquisadores, propicia um cenário de instabilidade e incita a judicialização do tema.