A teledramaturgia brasileira perdeu um de seus maiores representantes. Morreu, na noite de ontem, no Rio de Janeiro, o autor de novelas Gilberto Braga, aos 75 anos. Ele sofria de Alzheimer e estava internado no Hospital Copa Star, em Copacabana, Zona Sul carioca, desde 22 de outubro. Não resistiu às complicações de uma infecção sistêmica após uma perfuração no esôfago.
Reconhecido internacionalmente, Braga escreveu mais de 30 trabalhos ao longo da carreira na TV Globo, onde trabalhou desde 1972. Criou vilões inesquecíveis. Autor de mais de 20 novelas, conquistou o Emmy Internacional de melhor telenovela, em 2008, com Paraíso Tropical (2007), escrita em parceria com Ricardo Linhares.
Um dos maiores sucessos de Braga foi Vale Tudo, de 1988, protagonizado por Regina Duarte e Antônio Fagundes. O Brasil literalmente parou no último capítulo da trama, que revelaria o assassino de uma das maiores vilãs de todos os tempos, a empresária Odete Roitman, interpretada por Beatriz Segall. Outro marco da teledramaturgia escrito por Braga foi A Escrava Isaura (1976), uma das obras da teledramaturgia brasileira mais vendidas e exibidas no mercado internacional.
Entre os grandes sucessos escritos por Braga, destacam-se Dona Xepa (1977), Dancin’ Days (1978), Água Viva (1980), Brilhante (1991), Rainha da Sucata (1990), O Dono do Mundo ( 1991), Pátria Minha (1994), Celebridade (2003) e Babilônia (2015), sua última novela produzida para Globo, sob a direção de Dennis Carvalho. As minisséries globais de Braga marcaram gerações, como Anos Dourados (1986), Primo Basílio (1988) e Anos Rebeldes (1992) e Labirinto (1998).
Carioca e formado em Letras na Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio), Gilberto Braga completaria 76 anos no próximo dia 1º. Perdeu o pai cedo, aos 17 anos e, uma década depois, a mãe. A estreia na Globo, em 1972, foi com a adaptação de A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas, para um “Caso Especial”, com direção de Walter Avancini. A história foi protagonizada por Glória Menezes.
A primeira novela de Braga foi Corrida do Ouro, em 1974, escrita em parceria com Lauro César Muniz e Janete Clair. Braga foi um dos discípulos da autora. Ele sempre dizia que Janete foi a grande fonte de inspiração. O escritor era casado com o decorador Edgard Moura Brasil, companheiro por quase 50 anos.
Logo após o anúncio da morte do autor, vários artistas se manifestaram. “Em 1984, graças a você falamos de racismo em horário nobre. Gilberto era um gênio. Deixa um marco na teledramaturgia brasileira”, escreveu Zezé Motta.
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