Pandemia

Coordenador no Ministério da Saúde é dispensado antes de assumir cargo

Queiroz é defensor da ciência e, conseqüentemente, apoia várias idéias de condução da pandemia diferentes de Bolsonaro. Não é a primeira vez que isso acontece no governo

Tainá Andrade
postado em 28/10/2021 23:02
 (crédito: Ed Alves/CB)
(crédito: Ed Alves/CB)

Ricardo Queiroz Gurgel, que seria novo coordenador do Programa Nacional de Imunizações (PNI), cargo estratégico no Ministério da Saúde, foi dispensado do cargo antes mesmo de assumi-lo. A nomeação saiu há 23 dias atrás, publicada no Diário Oficial da União e assinada pelo ministro Marcelo Queiroga, mas a expectativa do médico pediatra foi frustrada hoje (28) por um coordenador de departamento da pasta.

O médico ouviu isso pessoalmente porque teve a iniciativa de pegar um avião de Sergipe, estado onde reside, para Brasília para entender porque o ministério ainda não havia entrado em contato, o que deveria ter acontecido há três semanas atrás.

Queiroz é defensor da ciência e, conseqüentemente, apoia várias idéias de condução da pandemia diferentes de Bolsonaro. No dia de sua nomeação, ele deu declarações que contrariavam o presidente da República e se mostrou a favor da vacinação para adolescentes e contra o “kit Covid”.

"A prioridade será reforçar as coberturas vacinais dos calendários do PNI, principalmente das crianças, mas também dos adolescentes, grávidas e idosos. Precisamos colocar em níveis seguros, para que essas doenças não retornem. É claro que também temos muito trabalho relacionado à vacinação contra a covid-19", disse em manifestação no site do ministério.

Procurada, a pasta não se manifestou sobre o caso. O pediatra, que ainda não sabe o motivo da sua demissão, aguarda a publicação oficial da sua exoneração e pretende voltar para o trabalho na Universidade de Sergipe.

Prática se repete

Outro caso parecido no ministério foi o da médica Luana Araújo, que seria, a partir de maio, chefe da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à covid-19. Com 10 dias de sua nomeação foi dispensada. Luana também é defensora da vacinação em massa, é favorável a medidas restritivas e contra o “kit covid”.

Na época da sua exoneração, Queiroga negou ordem do Planalto, mas não informou motivo para a profissional não assumir o cargo, disse somente que buscaria por outro nome com "perfil profissional semelhante: técnico e baseado em evidências científicas".

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