Foi a música quem elevou Marília Mendonça ao auge do sucesso. E foi com as canções dela que muitos fãs se despediram da artista para os quais transcendia a própria arte. Para tantas mulheres, Marília conseguia resumir com exatidão as angústias, as qualidades, as dores e os amores delas. A chef de cozinha Vivian Pimentel, 39 anos, conta que a cantora deixa para as mulheres uma força muito grande. "Nós vamos carregar este legado dela. Acredito que todas as mulheres brasileiras foram representadas muito bem no clipe da última música que ela lançou: Esqueça-me se for capaz. Ali tem a mulher que varre a rua, tem a faxineira, a piloto de avião, entre outras. Este é o legado que ela deixou para a gente: de força, de superação, ser guerreira, acima de tudo, e lutar pelos seus objetivos", afirmou à reportagem.
Vivian acredita que Marília foi uma pessoa muito forte. "Apesar da pouca idade, ela mostrou pra gente muitas coisas. Superou preconceitos pela estatura, venceu tudo quanto é tipo de problema e levantou todas nós, mulheres brasileiras, até onde a gente merece estar", disse. Na música citada por Vivian, Marília canta: "Tá aproveitando a vida, os novos amigos/Indo pra lugares que não ia comigo/Tá se enganando e nem sabe disso/Beijar outras bocas/Depois que termina é fácil demais/Fazer sexo por fazer todo mundo faz/Mas esqueça-me se for capaz".
Outras fãs também citaram o empoderamento feminino na voz e nas letras de Marília. Natural de Pires do Rio, a 146km de Goiânia, Elaine Monteiro Alves, 20 anos, cita que, além de ótima cantora, Marília era uma ótima mãe. "Isso me tocou muito quando soube do falecimento dela. Senti uma tristeza muito grande, sem fim. Só nos resta saudade", desabafou. A representatividade também se fez presente durante o velório. Do lado de fora, ambulantes vendiam bandeiras com as cores do arco-íris, símbolo do movimento LGBTQIA .
Técnica em enfermagem, Izenice Ribeiro dos Santos desabafou: "A gente nunca espera perder alguém que a gente ama". "Eu já sinto muita falta dela, não consigo nem falar o tanto que estou triste. Sempre vou lembrar das músicas dela e do que ela representa para as mulheres", disse. Ao usar o verbo no presente, Izenice sustenta que Marília "é uma mulher forte". "Rompeu barreiras na música e nos ensina muito com suas músicas, até a lidar com decepções", concluiu Izenice.
No Goiânia Arena, o sentimento, ontem, era o de que muitas pessoas tinham perdido uma irmã. Forte, bravia, empoderada. A música marcou presença de tantas maneiras no velório. No trio de amigos, com um violão e uma lata de cerveja na mão. No canto em uníssono sofrido de tantas fãs, que aplaudiam e depois choravam. Na caixa de som ligada ao carro popular e ao microfone de uma mulher que entoava Coração bandido. Coração bandido esse meu/Vive traindo você/Coração ingênuo é o seu/Todo esse tempo sem perceber. No violão e na voz afinada de Gustavo Lacerda, 14 anos. "Muito fã demais dela, muito fã mesmo", admitiu, antes de tocar e cantar Eu sei de cor. Ele contou que começou a cantar com 3 anos e que se tornou compositor por influência de Marília Mendonça.
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