Piloto pode ter se enganado

Correio Braziliense
postado em 07/11/2021 00:01

Muitos mistérios rondam as circunstâncias do acidente que encerrou tão cedo a vida da cantora e compositora Marília Mendonça, aos 26 anos, e mais quatro pessoas. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) informou que o avião — um bimotor King Air, da Beech Aircraft — não tem caixa-preta, o que facilitaria a descoberta mais eficaz da fatalidade. Segundo o órgão, na aeronave foi encontrado um spot geolocalizador (aparelho pequeno, menor que um celular, conectado a satélites) para ser confrontado com o plano de voo.

Há suspeitas, ainda, de que a aeronave se chocou com a rede elétrica de alta tensão porque o piloto estaria voando abaixo da altura apropriada para aquele local acidentado e teve que fazer o consequente voo forçado. Se isso aconteceu, o piloto pode ter sido levado a erro, informam especialistas. Aparentemente, pelas evidências que se tem até agora, não havia sinalização da rede elétrica — uma espécie de bola laranja que é colocada ao longo dos fios —, destaca Adalberto Febeliano, especialista em aviação e professor de economia do transporte aéreo.

"Essa sinalização é importante porque os pilotos, por causa da distância, não enxergam os fios. No meu entender, essas linhas de alta tensão não estavam sinalizadas. Mas esse é um fato, de fundamental importância, que somente a investigação vai mostrar", destacou Febeliano. O relatório final — ou mesmo um documento preliminar — só deverá ser divulgado em no mínimo 30 dias, destaca ele. O possível choque com o fio de alta tensão poderia ser uma das causas das mortes, explica Adalberto Febeliano.

Mas se o fio, no caso, foi de baixa tensão ou de fibra ótica, para internet, a desaceleração foi fatal. "A aeronave deveria estar voando a aproximadamente 200km/h. O organismo humano não resiste à rápida desaceleração. Enfim, são muitos os fatores. Efetivamente, precisamos ter paciência. O relatório não deve sair rápido", reforça o especialista.

Obstáculos

Na análise de Jorge Leal Medeiros, engenheiro aeronáutico, piloto civil e professor de transporte aeronáutico da Universidade de São Paulo (USP), não há dúvida de que, se houve a batida, a causa foi a baixa altitude, em um ambiente — o aeroporto de Caratinga (MG) — com muitos obstáculos. "Nesse caso, é preciso uma habilitação especial. O mesmo acontece, por exemplo, no Altiporto de Courchevel (França), uma estação de esqui nos Alpes franceses."

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags