Extremos marcam presença do Brasil

Correio Braziliense
postado em 13/11/2021 00:01

Apesar de a ausência do presidente Jair Bolsonaro ter sido considerada a nota negativa da participação brasileira na COP26, o país continua sendo um dos protagonistas das discussões sobre o meio ambiente e a preservação. Isso porque é capaz de surpreender ao apresentar novas lideranças, como a jovem indígena Txai Suruí, e faz com que setores considerados parte do problema — como os grandes produtores rurais — modulem o discurso a fim de se afastarem do discurso do governo federal, que pode representar fechamento de mercado para os produtos brasileiros.

A Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) montou um estande no qual tentou mostrar que o agronegócio é parte da solução e não do problema ambiental brasileiro. "No setor agropecuário brasileiro, está muito claro que o crescimento da produção de alimentos no Brasil não está relacionado ao desmatamento, e sim à incorporação de novas tecnologias, ao aumento de produtividade e à verticalização de produção", disse o vice-presidente da delegação da CNA, Muni Lourenço Silva.

O Código Florestal brasileiro obriga o proprietário a preservar 80% de suas terras e não tem o direito de queimar a área para plantar, ou para a pastagem de gado. "A questão do desmatamento não pode estar baseada somente na punição, que é importante. Mas também é muito importante que outras políticas públicas sejam realizadas, como, por exemplo, a questão da regularização fundiária, a questão do ordenamento territorial e a titulação das terras", opina Lourenço.

Se para o representante da CNA o foco é eminentemente econômico, para a ativista Txai Suruí a devastação dos biomas brasileiros são, sobretudo, uma questão humanitária. Tanto que denunciou o aumento das invasões de terra para o gado, o assédio e o assassinato de ativistas ambientais.

Ajuda internacional

O governo federal, por sua vez, anunciou em Glasgow que está disposto a acabar com o desmatamento ilegal até 2028, dois anos antes do previsto. Foi uma tentativa de mudar uma imagem desgastada desde os primeiros dias da presidência de Bolsonaro — que, entre outras coisas, esnobou os recursos repassados pelos governos da Alemanha e da Noruega para o Fundo Amazônia por considerar esse dinheiro uma esmola. O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, numa das suas primeiras participações no evento disse que os US$ 100 bilhões anuais prometidos pelos países ricos aos mais pobres são insuficientes para o tamanho do desafio de evitar a devastação ambiental. Para ele, tais recursos devem ultrapassar a casa do trilhão — pois, do contrário, os investimentos ficarão sempre pela metade.

O secretário adjunto de Clima e Relações Internacionais do Ministério do Meio Ambiente, Marcelo Freire, deu uma ideia da complexidade da situação do Brasil. "Entendemos que temos dentro do Brasil várias partes diferentes. Temos tantas regiões e níveis de desenvolvimento, quase um monte de países juntos", explicou.

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