Exame com cara do governo

O presidente Jair Bolsonaro disse, ontem, que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) "começa a ter a cara do governo". O presidente sempre teve como bandeira política uma espécie de patrulha ideológica sobre o certame, e nas últimas semanas ao menos 35 servidores ligados à prova pediram demissão acusando o governo de pressioná-los para mudar perguntas.

O presidente disse que o ministro Milton Ribeiro, da Educação, garantiu que o Enem será realizado sem impactos pelas demissões. A prova será aplicada, nos dias 21 e 28 próximos, para aproximadamente 3,1 milhões de candidatos ao ingresso no ensino superior.

"O Milton é do ramo. Ele mandou uma mensagem há pouco e disse que a prova do Enem vai ocorrer na mais absoluta tranquilidade", disse Bolsonaro, durante entrevista na Expo Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. "Começam agora a ter a cara do governo as questões da prova do Enem. Ninguém precisa agora estar preocupado com aquelas questões absurdas do passado, o tema da redação não tinha nada a ver com nada. Realmente é algo voltado ao aprendizado", disse Bolsonaro.

A interferência na elaboração das perguntas aplicadas na prova é um dos elementos por trás da série de demissões no Inep, responsável pela elaboração do exame. Em cartas, funcionários que pediram exoneração alegaram fragilidade técnica e administrativa da gestão, além da patrulha política para não desagradar ao Palácio do Planalto na construção das questões.