Julgamento em dia de confusão e gritaria

Gabriela Chabalgoity*
postado em 04/12/2021 00:01
 (crédito:  Reprodução/TJRS)
(crédito: Reprodução/TJRS)

O terceiro dia de julgamento dos réus da tragédia da boate Kiss, em Porto Alegre, foi marcado por confusão e gritaria. Começou com a decisão do juiz Orlando Faccini Neto de tornar uma testemunha, que iria depor ontem, em informante.

Isso porque a filha de Gianderson Machado da Silva, que trabalhava revisando extintores de incêndio e recarregou os que atendiam a boate, publicou em suas redes sociais que seu pai era "o próximo a depor no caso da Kiss". E acrescentou: "Que ele fale tudo! Que esses donos da boate apodreçam na cadeia". Isso ensejou que a defesa de Mauro Hoffman entrasse com um pedido para que a testemunha fosse retirada, argumentando que o comentário publicado nas redes sociais pudesse afetar na decisão do juiz.

Em seu depoimento como informante, Gianderson lembrou que, na época do incêndio, ele havia recarregado os extintores quatro vezes e que o laudo do Instituto Médico Legal demonstrou que um dos equipamentos que estava próximo do palco não funcionou.

Mas este não foi o único momento tenso do dia. A certa altura da sessão, começou uma discussão entre o advogado do réu Luciano Bonilha e o juiz, que paralisou a sessão e ameaçou mandar o defensor sair da sala de julgamento. A confusão aconteceu durante o depoimento de Daniel Rodrigues da Silva, que trabalhava na loja em que o artigo pirotécnico que deu início ao incêndio que causou a tragédia foi comprado.

Bate-boca

A testemunha se recusou a responder uma pergunta do advogado, que se exaltou e gritou com Daniel, tentando obrigá-lo a dar sua versão. O magistrado interveio. "A próxima que o senhor me fizer, o senhor não fica mais aqui", avisou, interrompendo a sessão.

No depoimento, Daniel disse que os artefatos Sputnik e Chuva de Prata, usados no dia do incêndio, não podem ser usados dentro de locais fechados. "O uso indoor por si só é perigoso", explicou.

Ele afirmou, ainda, que o artefato foi comprado por Bonilha, produtor e auxiliar de palco da banda Gurizada Fandangueira. A nota fiscal de aquisição dos artefatos foi mostrada ao juiz.

Daniel acrescentou que Bonilha foi orientado sobre a utilização correta do artefato. "O funcionário teve o diálogo com o Luciano, sempre instruímos". O fogo do tipo Sputnik deve ser acionado à distância e possui instruções na embalagem, detalhou o depoente.

*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi

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