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Mais 34 deixam cargos na Capes

Maria Eduarda Angeli*
postado em 09/12/2021 00:01
 (crédito: Ascom/Capes)
(crédito: Ascom/Capes)

Mais 34 pesquisadores da Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (Capes), desta vez da área de Engenharia, renunciaram aos cargos que ocupavam. O comunicado foi feito na noite na última terça-feira. Até agora, 114 pesquisadores requisitaram afastamento da autarquia, que vem sofrendo perdas desde o fim do mês de novembro. As áreas afetadas fazem parte do Colégio de Exatas da instituição.

Dessa vez, três coordenadores e 31 consultores deixaram a instituição. Além desses profissionais da Engenharia, já debandaram pesquisadores das áreas de Matemática/Probabilidade, Estatística, Química e Astronomia/Física. Nas cartas redigidas anunciando o desligamento, os pesquisadores criticaram a liderança da Capes, que desde abril é presidida por Claudia Mansani Queda de Toledo, reitora do Centro Universitário de Bauru.

Entre as queixas relatadas estão a pressão para acelerar abertura de novos cursos e para aprovar programas de ensino a distância — modelo que ainda causa desconfiança entre especialistas. Em nota, a Capes afirmou que tem sido "vítima de narrativas que omitem fatos ou lhes dão conotação que não correspondem à realidade". O órgão afirmou que os questionamentos feitos em relação aos trabalhos desenvolvidos vêm sendo feitos desde de 2018 pelo Ministério Público Federal. "Não se trata de um fato gerado na atual gestão", argumentou.

Em ação conjunta com o Tribunal de Contas da União (TCU), o Ministério Público pretende investigar as motivações por trás das sucessivas cartas de renúncia e os desdobramentos que a debandada sofrida pela instituição pode ter na qualidade da avaliação dos cursos de pós-graduação no país.

Consequências

Anderson da Mata, professor do Departamento de Teoria Literária da UnB e ex-bolsista da Capes, lamenta a situação atual da instituição. "É o desmonte de uma rede de colaboração entre as universidades e a Capes. A chegada dos pesquisadores a esses postos não se dá por acaso, mas pelo acúmulo de experiência em relação à própria área", explicou.

Renato Pedrosa, professor do Departamento de Política Científica e Tecnológica da Unicamp e coordenador do Grupo de Estudos em Educação Superior, explica que a Capes ajuda a manter o nível das instituições do país. "Nós ainda não vimos o impacto da queda do investimento em pesquisa dos últimos anos justamente porque o sistema de pós-graduação é majoritariamente financiado pela Capes. Esses resultados demoram a aparecer, mas, com esse esvaziamento, pode ser que as coisas mudem", observou.

A Capes, que é ligada ao Ministério da Educação, trata dos cursos de pós-graduação em diversas áreas da pesquisa. Os coordenadores das áreas são indicados pela comunidade científica e nomeados para mandatos com duração de quatro anos, sendo posteriormente responsáveis por indicar os consultores.

* Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi

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