Parentes das vítimas: fim da impunidade

Correio Braziliense
postado em 11/12/2021 00:01
 (crédito:  Juliano Verardi)
(crédito: Juliano Verardi)

Minutos depois da leitura das sentenças, o presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Flávio Silva, ressaltou que se colocou fim à impunidade do caso.

"Prova que a nossa luta foi valorizada, e que ela tinha, realmente, sentido. Foram longos anos de busca por justiça pelo assassinato dos nossos filhos. Valeu a pena, porque a gente vai proteger muitas vidas daqui por diante", disse.

Silva ainda desabafou sobre o desgaste da espera de quase nove anos. "Foi muito difícil acompanhar tudo de perto. Teve momentos que eu cheguei a pensar: 'tenho que estar firme, tenho que estar vivo para acompanhar o desfecho dessa história'. Porque esse problema que agravou a minha saúde tem nome e tem endereço", acusou.

O cansaço físico e mental também é abateu Vanessa Vasconcellos, que perdeu a irmã, Letícia, ex-funcionária da boate, na tragédia. "A gente reviveu todos aqueles dias. Fiz muita terapia para tentar esquecer e veio totalmente à tona", explicou.

Dentre os momentos que considerou mais cruéis, Vanessa destaca quando um dos réus, Elissandro Spohr, dono da boate, mencionou o nome dela. "Eu via que era uma estratégia dele para se vitimizar atacando uma irmã de vítima. Isso para mim foi um absurdo, me fez muito mal", desabafou.

Flávio Silva considerou a defesa dos acusados apelativa — em um dos dias do julgamento, uma das advogadas de defesa chegou a colocar para que todos ouvissem uma suposta mensagem psicografada de um dos jovens que morreram na tragédia. Ele disse que se preparou por dois anos para o testemunho.

Reação ao HC

Sobre o fato de que os quatro réus saíram do Foro Central de Porto Alegre em liberdade, apesar da condenação, Silva disse que já era esperado. "Seja hoje, ou amanhã, ou daqui um mês, eles terão as prisões decretadas e irão cumprir a pena em regime fechado", afirmou. É o que também destacou Vanessa. "Por mais que hoje eles estejam livres, isso prova que a gente está certo", salientou, acrescentando que ver a justiça sendo feita é um "conforto".

Para os próximos dias, o presidente da Associação disse que irá se afastar um pouco do tema para retornar à luta. "É preciso retomar o fôlego, porque a luta não termina aqui, hoje (ontem)", garantiu.

Em Santa Maria, cidade onde ocorreu a tragédia, na Tenda da Vigília, erguida na Praça Saldanha Marinho, os momentos finais do júri foram reproduzidos em um telão. Centenas de membros da comunidade acompanharam o veredito dado pelo juiz. Houve silêncio, mas também foram ouvidos aplausos diante do resultado. (TM)

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