Agência rechaça ameaças

Gabriela Chabalgoity* Maria Eduarda Angeli*
postado em 18/12/2021 00:01
 (crédito: Anvisa/Divulgação)
(crédito: Anvisa/Divulgação)

Após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que pediu "o nome das pessoas que aprovaram a vacina para crianças a partir de cinco anos", os diretores e servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgara, ontem, nota de repúdio às tentativas de intimidação ao corpo técnico da agência. Para os diretores da autarquia, a Anvisa tem sido foco de "ativismo político violento".

Em mais um episódio em que se colocou contra Bolsonaro, o diretor-presidente da agência, Antonio Barra Torres, rebateu o presidente ao indicar que mais de 1,6 mil nomes estão envolvidos na decisão de aprovar a vacina a Pfizer contra a covid-19 para crianças de 5 a 11 anos. "Se formos consultar todas as pessoas que ali contribuíram, direta ou indiretamente, para que aquele posicionamento fosse estabelecido, essa lista, por certo, contaria com mais de 1,6 mil nomes porque todas as nossas atividades estão entrelaçadas. Lá estarão os nomes de toda diretoria da Anvisa. Na decisão de ontem (quinta-feira), estamos todos juntos", salientou Barra Torres.

Nomes

Na última quinta-feira, Bolsonaro intimidou o corpo técnico da Anvisa. "Queremos divulgar o nome dessas pessoas para que todo mundo tome conhecimento de quem são essas pessoas e, obviamente, forme o seu juízo", afirmou, na live.

Antes da reunião da diretoria colegiada, Barra Torres, junto com os outros diretores da agência, publicaram uma nota de repúdio às ameaças à Anvisa. "A Anvisa está sempre pronta a atender demandas por informações, mas repudia e repele com veemência qualquer ameaça, explícita ou velada que venha constranger, intimidar ou comprometer o livre exercício das atividades regulatórias", destaca.

A nota relembra as ameaças sofridas pelos diretores, ainda em outubro, quando estava em avaliação a aprovação da vacina da Pfizer para crianças. "Em outubro do corrente ano, após sofrer ameaças de morte e de toda a sorte de atos criminosos, por parte de agentes antivacina, no escopo da vacinação para crianças, esta Agência Nacional se encontra no foco e no alvo do ativismo político violento", diz o texto.

Quem também repudiou a intimidação de Bolsonaro foi a Associação dos Servidores da Anvisa (Univisa). Para os servidores da agência, "a intenção de se divulgar a identidade dos envolvidos na análise técnica não traz consigo qualquer interesse republicano" e trata-se de uma retaliação à aprovação da imunização de crianças entre cinco e 11 anos com a vacina da Pfizer.

"A Univisa repudia qualquer ameaça proferida contra o corpo técnico da Anvisa, bem como quaisquer tentativas de intervenção sobre o posicionamento da autoridade sanitária que não advenham do debate estritamente científico e democrático", destacou a associação. (MEC)

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