Resistência ao passaporte

Gabriela Chabalgoity*
postado em 19/12/2021 00:01
 (crédito: Tania Rego/Agência Brasil)
(crédito: Tania Rego/Agência Brasil)

O câncer de pele é o tipo mais comum de câncer no Brasil, correspondendo a 33% dos casos no país. Anualmente, são cerca de 185 mil novos diagnósticos da doença registrados pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), sendo o melanoma a forma mais agressiva da patologia, responsável por mais de 8 mil casos. Em dezembro, é realizada a campanha nacional de prevenção à doença, conhecida como Dezembro Laranja.

Em 2020, foram registrados pelo Inca 176.930 casos e 2.616 mortes devido à doença. De acordo com a dermatologista Marilu Tiúba, da Clínica AMO, e especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, o câncer de pele é provocado pelo crescimento anormal e descontrolado das células cutâneas e tem como principal causa a radiação solar excessiva sem proteção.

A médica explica que existem dois tipos de câncer da pele: o não-melanoma — que é o carcinoma basocelular, geralmente ocorrente na cabeça ou pescoço, e o espinocelular, que também pode estar relacionado a cicatrizes de queimadura e úlceras que não fecham (os mais comuns) — e o melanoma (o mais agressivo, embora mais raro). Quando detectado precocemente, o melanoma é curável em quase 100% dos casos. Porém, se diagnosticado tardiamente, pode provocar metástase e até óbito.

"O sol emite vários tipos de radiação: a luz visível, radiação infravermelha e a radiação ultravioleta, que se divide em A, B e C. Essa última é completamente filtrada pela camada de ozônio. Já o A e o B conseguem atingir a superfície da Terra", explica o especialista em Cirurgia Microscópica Mohs e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica, Alexandre Luiz Weber.

Os raios UVA atingem a pele mais profundamente, gerando principalmente o envelhecimento cutâneo, além do aparecimento de alguns tipos de câncer, esclarece o médico. Já os raios UVB, mais curtos, emitidos mais intensamente durante o verão e que atingem a pele mais superficialmente são os principais causadores do tão temido melanoma.

Para identificar os tipos não-melanoma, é necessário ter atenção a lesões que demoram a cicatrizar, sangram com facilidade e/ou com aspecto brilhante na superfície.

"Para o melanoma, uma forma simples e sempre divulgada nas campanhas educativas é a regra do ABCDE, onde avaliamos assimetria, bordas irregulares, variedade de cores, diâmetro maior do que 6 mm e a evolução da lesão", esclareceu Marilu Tiúba.

Vale lembrar que o diagnóstico definitivo só pode ser feito por um profissional, por meio de biópsia.

Josimeire Crecci Nunes, fisioterapeuta no HRAN, teve o primeiro melanoma há 15 anos e, desde então, nunca mais se expôs ao sol sem se proteger ao máximo. "Clubes, piscinas, praias, mar, só depois do pôr-do-sol. Uso filtro solar rigorosamente, com fator mínimo 50 e reaplico duas ou três vezes por dia e, mesmo assim, se eu precisar andar uma distância que vá pegar sol, eu uso um guarda-chuva, sempre com roupas de manga longa, para não me expor de nenhuma forma", explicou. Mesmo com todos os cuidados, três novas lesões malignas apareceram.

Entra aí a importância do acompanhamento profissional para garantir um diagnóstico precoce. "Eu descobri que tinha câncer de pele porque tinha uma pinta na perna que eventualmente mudava as características e isso começou a me chamar atenção", contou a fisioterapeuta.

"Procurei um dermatologista, pedi para fazer uma biópsia e o resultado veio como melanoma maligno, que é a forma mais agressiva, mas como descobri muito no início, na fase 1, fiz uma cirurgia com uma margem bem grande, precisei até fazer um enxerto na área. Mas não precisei de quimioterapia, nem de radioterapia: a cirurgia foi suficiente", relata Josimeire.

*Estagiárias sob a supervisão

de Odail Figueiredo

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