Crime

Loja Zara de shopping em Salvador é acusada de racismo; veja vídeo

Em vídeo, compartilhado nas redes sociais, o cliente negro se revolta após abordagem: ‘eu compro o que eu quiser’, diz mostrando a nota fiscal

Jéssica Gotlib
postado em 29/12/2021 16:51 / atualizado em 30/12/2021 18:55
Cliente já teria saído da loja, mas foi pedido pelos funcionários que ele retornasse e mostrasse a mochila e nota fiscal ao segurança do shopping -  (crédito: Redes Sociais/Reprdoução)
Cliente já teria saído da loja, mas foi pedido pelos funcionários que ele retornasse e mostrasse a mochila e nota fiscal ao segurança do shopping - (crédito: Redes Sociais/Reprdoução)

Não é notícia repetida, mas um acontecimento da manhã de terça-feira (28/12). A loja Zara, desta vez localizada no Shopping da Bahia, em Salvador, foi acusada de racismo na abordagem a um cliente. Tudo veio a público depois que outro consumidor se indignou e filmou a situação, postando o vídeo nas redes sociais.

Pelas filmagens, é possível ver um homem negro sendo abordado pelo segurança do shopping enquanto grita, revoltado com a situação. “Eu tenho cartão, eu compro o que eu quiser. Não, não tem nada a ver. Olha o meu documento”, diz o cliente no vídeo. Grande parte do diálogo está inaudível, mas o dono da gravação externaliza a indignação. “Mais um caso de racismo na Zara”, é a frase que ele diz e que replica na legenda.

A ação esteve entre os assuntos mais comentados desta quarta-feira (29/12) nas redes sociais. As pessoas que aparecem no vídeo não foram identificadas. Segundo o jornal Correio 24 horas, o cliente já tinha deixado a loja, mas foi pedido pelos atendentes que ele voltasse ao local e um segurança do shopping foi chamado para revistar os pertences dele. O vídeo registra o que acontece logo em seguida da abordagem.

O Correio entrou em contato com o Shopping da Bahia para obter um posicionamento oficial acerca do caso. Até o momento da publicação deste texto, nenhuma resposta havia sido recebida. O espaço segue aberto para futuras manifestações.

Em nota enviada por e-mail, a Zara afirmou que "está apurando todos os detalhes relacionados ao fato". Ainda de acordo com o texto, uma funcionária da loja foi afastada até o fim das investigações. Leia na íntegra:

A Zara Brasil informa que, juntamente com a administração do Shopping da Bahia, está apurando todos os detalhes relacionados ao fato ocorrido na tarde de terça-feira, no centro comercial, para tomar as providências necessárias e evitar que episódios como esse se repitam. Por meio de investigação realizada até o momento, e até a finalização da mesma, tomou-se a decisão de afastar do serviço uma funcionária da loja. A empresa lamenta o ocorrido neste episódio, que não reflete os valores da companhia.

Zara Zerou

Essa não é a primeira acusação de racismo contra a varejista de origem espanhola no Brasil. Em setembro de 2021, uma delegada negra foi impedida de entrar na unidade da loja do shopping Iguatemi de Fortaleza (CE). Na época, foi preciso um mandado de busca e apreensão para recolher as filmagens do circuito interno da loja para que o Ministério Público desse prosseguimento ao caso.

Durante as investigações, foi descoberto que os funcionários eram instruídos pelo alto-falante a abordar clientes ‘suspeitos’ com base no código ‘Zara Zerou’. Em 1º de dezembro, o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) ofereceu denúncia contra o gerente Bruno Filipe Simões Antônio em Fortaleza, investigado por discriminação racial. No último dia 16, Bruno Filipe se tornou réu na ação criminal.

Legislação

O racismo é crime previsto no Código Penal brasileiro conforme a lei 7.716/89. “Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador” é uma conduta expressamente proibida no artigo 5º da norma. A pena é de reclusão de um a três anos de prisão. A lei também prevê punição para quem “Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”, com as mesmas sanções acrescidas de multa.

 

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