Crítica aos governadores

Queiroga diz que a não adoção de receita médica para imunizar crianças de 5 a 11 anos é interferir na política de saúde

Gabriela Bernardes*
postado em 30/12/2021 00:01
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, criticou, ontem, os prefeitos e governadores contrários à prescrição médica para vacinar crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19. Para ele, trata-se de uma interferência indevida nas secretarias de Saúde das unidades da Federação e dos municípios. Na semana passada, depois de reunião entre os secretários estaduais de Saúde, o Conselho Nacional de Secretarias de Saúde (Conass) divulgou a Carta de Natal às crianças do Brasil, na qual afirma que o documento proposto pelo ministério não será cobrado.

"Governadores falam em prescrição (médica), prefeitos falam em prescrição. Pelo que eu sei, a grande maioria deles não é médico. Então, eles estão interferindo nas suas secretarias estaduais e municipais", acusou, mantendo-se alinhado com o presidente Jair Bolsonaro, que é contrário à vacinação.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a aplicação da vacina Pfizer contra o novo coronavírus em crianças de 5 a 11 anos em 16 de dezembro. Desde então, o ministério vem colocando vários entraves e até abriu uma consulta pública, que vai até o próximo domingo, sobre o assunto. Além disso, a pasta propôs que a imunização seja feita com apresentação de receita médica.

Para Queiroga, tanto os estados quanto os municípios devem se manifestar apenas pela consulta pública. "A recomendação do Ministério da Saúde está aí para que todos os brasileiros tomem conhecimento, para que a sociedade civil possa se manifestar. A consulta pública é um instrumento da democracia, amplia a discussão sobre o tema e dá mais tranquilidade aos pais para que eles possam levar os seus filhos às salas de vacinação", afirmou, desconsiderando as várias recomendações de entidades médicas e científicas de que é preciso ter pressa quando se trata de uma campanha de vacinação em plena pandemia de covid-19.

O Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do Consórcio Nordeste se manifestou, por meio de nota, repudiando a consulta aberta pela pasta. "É importante ressaltar que a nova variante ômicron apresenta maior transmissibilidade, o que torna as crianças um grupo com maior risco de infecção, conforme vem sendo observado em outros países onde há transmissão comunitária desta variante. Neste contexto epidemiológico, o Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do Consórcio Nordeste não identifica nenhuma justificativa científica, médica ou técnica para a consulta pública do Ministério da Saúde e recomenda urgência no início da vacinação nesta faixa etária da população", criticou o documento.

"Indo muito bem"

Questionado sobre a posição do ministério sobre a imunização de crianças contra a covid, o ministro disse que a manifestação da pasta está explícita na consulta pública. Rebatendo as críticas sobre a resistência de Bolsonaro e de setores do governo federal às vacinas, Queiroga esquivou-se citando a doação de doses para o mundo, anunciada dias atrás.

"Nosso país, por meio da determinação do presidente Jair Bolsonaro, é signatário de um grupo que cumpre vacinações ao nível mundial. Produzimos vacinas na Fiocruz, junto com ações do governo federal. Temos nossa população fortemente vacinada e avançamos com adolescentes", disse.

De acordo com o ministro, o Brasil está "indo muito bem, obrigado" no enfrentamento à pandemia de covid-19.

*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi

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