As prefeituras dos municípios de São João Batista da Glória e São José da Barra, da região dos cânions de Minas Gerais, receberam, na última quinta-feira, a recomendação do Ministério Público Federal para que a região — que abriga o trecho do lago no qual um paredão de rocha desabou, matando 10 pessoas, cinco da mesma família — seja fechada temporariamente ao turismo. Pede, ainda, que se mantenha a proibição de acesso às áreas dos cânions de Furnas, Cascata D'água e Mirante dos Canyons.
Segundo o MPF, as interdições devem ser mantidas até que seja feito o mapeamento geológico da região, para verificar se há outros pontos de risco de deslizamento ou desprendimento de rochas. Além disso, na última quarta-feira, o Ministério Público solicitou que a a geradora Furnas Centrais Elétricas — responsável pela manutenção do reservatório que formou o lado de Capitólio — apresente o mapa geológico da área e os últimos relatórios de monitoramento.
As autoridades continuam investigando a tragédia do sábado passado. Em ofício encaminhado à Marinha, a procuradora Flávia Tavares Torres pede que seja informado, no prazo de cinco dias, se as embarcações envolvidas no acidente estavam devidamente registradas, se possuíam o seguro obrigatório de danos pessoais em dia e a identificação dos proprietários. Ela pede, também, detalhes sobre como é feito o controle dos passageiros das embarcações de turismo, se há obrigatoriedade de registro de lista de passageiros, com indicação de identidade, idade, origem e contato de emergência a cada viagem e quem faz este controle.
Patrimônio histórico
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) divulgou, ontem, uma nota em que lamenta a destruição dos casarões atingidos pelo desmoronamento em Ouro Preto e os danos causados pelas chuvas a imagens de Aleijadinho do acervo de uma das seis capelas do Santuário do Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas. No comunicado, a diretora e representante da entidade no Brasil, Marlova Noleto, destaca a necessidade de ações preventivas e coletivas para a proteção do "nosso patrimônio cultural comum, que tem valor excepcional para todo o mundo".
Os centros históricos (incluindo edificações e acervos) de ambos os municípios de Minas são considerados patrimônio mundial desde os anos 1980. A diretora ressaltou que medidas protetivas são ainda mais importantes em meio ao avanço das mudanças climáticas.
Em Congonhas, as imagens sacras danificadas foram esculpidas em madeira por Aleijadinho no período colonial. As esculturas foram afetadas pela água e umidade dos últimos dias. O acervo estava em uma das capelas que integram o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, que reúne ao todo 66 esculturas em tamanho real de sete momentos ligados à Paixão de Cristo.
Em Ouro Preto, o desmoronamento de terra do Morro da Forca atingiu dois casarões tombados e que estavam interditados havia 10 anos — o de dois pavimentos era conhecido como Solar Baeta Neves e apontado como o primeiro neocolonial do município. A restauração do imóvel foi entregue em 2010, porém foi desocupado anos depois por estar em área de risco.
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