Pandemia

Variante ômicron se mostra forte no Brasil e menos letal que a delta

Um mês e meio após a confirmação do primeiro caso da cepa no Brasil, recordes de contágio se multiplicam no país e no mundo e variante se mostrou forte, embora menos letal que a Delta. Para especialistas, é preciso manter os cuidados

Gabriela Chabalgoity*
Gabriela Bernardes*
postado em 16/01/2022 06:00
 (crédito: Divulgação/SBIm)
(crédito: Divulgação/SBIm)

Quando o primeiro paciente contaminado com a variante ômicron foi confirmado no país, no final de novembro, pouco se podia prever ou mensurar sobre o alcance ou letalidade da nova cepa. A população, ansiosa para as comemorações de fim de ano, via um cenário epidemiológico razoavelmente estável, com o avanço da vacinação e a queda no número de infecções e de óbitos por covid-19. À época, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, chegou a afirmar que a nova cepa 'não é variante de desespero' e que o Brasil estaria preparado para uma nova onda de casos do novo coronavírus.

Um mês e meio depois, a ômicron tem se revelado forte. O tsunami de infecções provocado pela nova variante registra, dia após dia, recorde no número de casos: no mundo, foram mais de 3,2 milhões em 24 horas; no Brasil, a média móvel subiu mais de 600%.

Ao contrário do que previa Queiroga, o país não conseguiu acompanhar a evolução da situação pandêmica. Com a explosão de casos do novo coronavírus, algumas capitais brasileiras já estão sofrendo com grandes filas e lotação de leitos hospitalares. O avanço da variante também provoca a falta de profissionais de saúde na linha de frente do combate aos efeitos da doença, devido ao afastamento de profissionais. Além disso, prefeituras e secretarias de saúde lutam contra a falta de estoque de testes para a detecção do vírus e para o mapeamento da cepa.

Um estudo feito pelo Instituto Todos pela Saúde (ITpS), em parceria com os laboratórios Dasa e DB Molecular, constatou que a variante prevaleceu em 98,7% das amostras analisadas no Brasil. Os pesquisadores analisaram 8.121 amostras coletadas entre 2 e 8 de janeiro de 2022.

Desde o dia 1º de dezembro de 2021, os pesquisadores testaram um total de 58.304 amostras em 478 municípios de 24 estados e do Distrito Federal. A ômicron foi identificada em 191 municípios de 17 estados: Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e também no Distrito Federal.

Contaminação

A análise demonstrou, também, um aumento nos testes positivos para covid-19. Entre a última semana de 2021 e a primeira de 2022, a positividade nos testes saltou de 13,7% para 39,5%.

Sobre a ômicron, o presidente da república, Jair Bolsonaro, declarou que a variante é "bem-vinda". A fala foi proferida durante entrevista ao site Gazeta Brasil, no dia 12. "A ômicron, que já se espalhou pelo mundo todo, como as próprias pessoas que entendem de verdade dizem, tem uma capacidade de difundir muito grande, mas é de letalidade muito pequena. Dizem até que seria um vírus vacinal. Segundo algumas pessoas estudiosas e sérias, e não vinculadas à farmacêuticas, a ômicron é bem-vinda e pode, sim, sinalizar o fim da pandemia", complementou.

Em resposta, o diretor-executivo da OMS, Mike Ryan, rebateu Bolsonaro afirmando que "ainda não é hora de dizer que um vírus é bem-vindo". "Existem muitas pessoas ao redor do mundo em hospitais, em UTIs, em respiradores, buscando fôlego no oxigênio. Obviamente, é muito claro, não é uma doença leve", explicou o representante do órgão.

Pesquisas indicam ser possível diferenciar, por meio dos sintomas, a ômicron das outras variantes. O infectologista Hemerson Luz explicou que os pacientes contaminados pela cepa africana relatam uma fadiga anormal e não percebem perda no olfato e no paladar. Além disso, a ômicron é marcada por dores na garganta e, por vezes, perda de voz.

Sobre as principais questões envolvendo a cepa, o infectologista Renato Kfouri, vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), esclareceu dúvidas que poderiam surgir.

*Estagiárias sob a supervisão de Michel Medeiros

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