O Boletim InfoGripe, divulgado ontem pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), sinaliza um forte crescimento dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) e de curto prazo (últimas três semanas).
O número de novos casos de SRAG estimados para a Semana Epidemiológica 2 (SE 2), correspondente ao período de 9 a 15 de janeiro, é de cerca de 19,3 mil casos (média entre 17,5 mil e 21,4 mil), enquanto a estimativa para a SE 1 é de 15,8 mil (média entre 15 mil e 16,5 mil). A média móvel na SE 2 foi de 16 mil casos semanais, representando um aumento de 23% em relação à SE 1 — cuja média foi de 13 mil casos.
Em 22 unidades da Federação, houve pelo menos uma macrorregião de saúde com nível de casos semanais de SRAG classificado como muito alto ou extremamente alto, englobando 73 das 118 macrorregiões de saúde do país. Todos os estados que apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo estão com o indicador em nível forte (probabilidade maior que 95%), exceto Rondônia, que apresenta sinal moderado (probabilidade maior que 75%). Para as conclusões sobre a SE 2, encerrada em 15 de janeiro, a análise tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até 17 de janeiro.
Em relação às capitais, observa-se que 24 das 27 capitais apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) até a SE 2. Apenas Boa Vista (RR), Rio de Janeiro (RJ) e Salvador (BA) não sinalizam aumento. No entanto, a capital fluminense aponta subida na tendência de curto prazo (últimas três semanas).
"No Rio, onde houve a maior distância entre o início da epidemia de Influenza e a retomada do crescimento da covid-19, que levou a uma oscilação no número de novos casos no mês de dezembro, observa-se que o crescimento da covid-19 já se sobrepõe à queda nos casos associados à gripe, fazendo com que os novos casos de SRAG mantenham sinal de crescimento", afirma o pesquisador Marcelo Gomes, coordenado do InfoGripe.
Dentre os casos positivos deste começo de ano, 22,6% são Influenza A, 0,2% Influenza B, 3,6% vírus sincicial respiratório (VSR) e 64,4% covid-19. Foram notificados 11.477 casos de SRAG, sendo 3.259 (28,4%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 3.117 (27,2%) negativos e 4.034 (35,1%) ainda aguardando resultado laboratorial.
O final de 2021 foi marcado por uma epidemia de Influenza A em todo o país, seguida de retomada do crescimento nos casos de SRAG associados à covid-19 a partir da segunda quinzena de dezembro.
Tendências
Em 25 dos 27 estados há pelo menos uma macrorregião de saúde com sinal de crescimento nas tendências de longo ou curto prazo: Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Tocantins, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Rondônia e Roraima são os únicos estados em que as tendências de longo e curto prazo têm sinal de queda ou estabilização.
Em relação às estimativas de nível de casos de SRAG para as macrorregiões de saúde, há duas em nível epidêmico; 43 em nível alto; 53 em nível muito alto e 20 em nível extremamente alto.
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