Memória

Correio Braziliense
postado em 22/01/2022 00:01

Insistência do governo

Apesar da evidência de que apenas as vacinas contra a covid-19 dão resultado, o presidente Jair Bolsonaro e setores do governo federal não admitem o recuo da pandemia em função do avanço da imunização. E continuam a defender a prescrição de medicamentos comprovadamente sem eficácia contra o novo coronavírus. Relembre de alguns momentos em que a ciência foi abandonada.

TrateCOV — O Ministério da Saúde lançou o aplicativo, em 2021, que recomendava o "tratamento precoce". Profissionais de saúde inseriam nele detalhes do prontuário dos pacientes, para saber se tinham contraído covid. A resposta, invariavelmente, sugeria o início do "tratamento" — até mesmo para recém-nascidos, tal como fizeram para testar a integridade do app, depois retirado do ar.

Cobrança da Capitã — A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, ficou conhecida pelo apelido por defender a prescrição da cloroquina contra a covid. Sua confiança na substância era tanta que cobrou a aplicação do kit covid aos profissionais da Secretaria de Saúde de Manaus em plena crise de abastecimento de oxigênio no Amazonas — quando dezenas de pessoas morreram asfixiadas na rede pública de saúde.

Médicos pela vida — Um grupo de profissionais alinhados com Bolsonaro defendeu a aplicação do kit covid. Chegou até a divulgar um manifesto que, descobriu-se depois, foi pago por um laboratório produtor de ivermectiva — substância que integra o kit covid.

Verde-oliva — Em 2020, com a pandemia e a pregação do governo pelo "tratamento precoce", o Laboratório Químico do Exército aumentou a produção da pílula de cloroquina em 900%, em relação ao que costumava produzir em um ano — e gastou R$ 1,14 milhão.

Emas do Alvorada — Na mais explícita propaganda da cloroquina, o presidente Jair Bolsonaro foi fotografado mostrando uma caixa do medicamento para uma das emas do Palácio da Alvorada.

Negacionismo na CPI da Covid — O senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS) tornou-se destaque por apresentar não apenas teorias supostamente científicas já desmentidas pela comunidade internacional de pesquisadores, mas também pela defesa que fez do "tratamento precoce". E citou os municípios de Porto Feliz (SP), Porto Seguro (BA) e Rancho Queimado (SC) como exemplos do uso bem sucedido do kit covid. As evidências, porém, o desmentiram. (Colaborou Fabio Grecchi)

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