DESIGUALDADE E SAÚDE MENTAL

Transtornos mentais têm relação com pobreza na infância, revela estudo

Pesquisa publicada na revista 'European Child & Adolescent Psychiatry' entrevistou 1.590 crianças; Negros são 75% da população em extrema pobreza no Brasil

Crianças que vivem em situação de pobreza e miséria social têm maior possibilidade de serem afetadas por transtornos mentais, como hiperatividade e déficit de atenção. Esse cenário foi observado em um estudo publicado na revista 'European Child & Adolescent Psychiatry', no mês de dezembro.

O estudo se baseou em questionários apliados em escolas públicas das cidades de Porto Alegre e de São Paulo. No total, foram 1.590 entrevistados, que também fazem parte do Estudo Brasileiro de Coorte de Alto Risco para Transtornos Psiquiátricos na Infância (BHRC).

Dessa parcela de entrevistados, 11,4% apresentaram possibilidades de serem afetados por transtornos. O estudo também observou a relação entre condições financeiras e eventos estressantes ao longo da vida de crianças e jovens no início da fase adulta.

Uma das conclusões destacadas na pesquisa indica é a necessidade de combater a pobreza infantil e os eventos estressantes para aliviar sintomas e indícios de transtornos mentais ao longo da vida de crianças e jovens.

POBREZA TEM GÊNERO E COR

No Brasil, 13 milhões dos brasileiros estão em situação de extrema pobreza, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Uma projeção publicada, em 3 de dezembro, na ‘Síntese de Indicadores Sociais’, do IBGE, apresentou um possível crescimento da população em extrema pobreza para 27 milhões de pessoas, relacionando como causa do aumento os recentes cortes de programas sociais como o auxílio emergencial.

Atualmente, 55% da população brasileira são de pessoas que se consideram pretas ou pardas, segundo o IBGE. Em pesquisa divulgada pelo órgão, da população total em situação de extrema pobreza, 75% são negros.

As mulheres negras foram a maioria nos índices de extrema pobreza (7,5%). Os homens negros, na segunda colocação, somam 7,2% na situação.

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