Imunização

Confira as reações adversas mais comuns após terceira dose da Pfizer

Eventos adversos leves são comuns e esperados em até 10% das pessoas imunizadas, assim como em outras vacinas e medicamentos

Um ano após o início da vacinação contra a covid-19 no Brasil, uma boa parte da população já está apta a tomar a terceira dose do imunizante. De acordo com dados do Ministério da Saúde, 34 milhões de pessoas já tomaram a dose de reforço. Ela deve ser aplicada, preferencialmente, com o imunizante da Pfizer. Mas tem gente com medo de tomar a vacina por causa dos eventos adversos. De acordo com as pesquisas e dados disponíveis e com especialistas, não há porque temer: a vacina é segura e é importante para proteger contra a variante ômicron, já prevalente no país.


Mas, como qualquer vacina e qualquer medicamento, o imunizante da Pfizer pode provocar reações adversas em algumas pessoas, isso é uma reação natural do sistema imunológico. Os efeitos mais comuns são dor no local da aplicação, dor no corpo, dor de cabeça e até mesmo febre. De acordo com Lucas Albanaz, clínico geral e coordenador da Clínica Médica do Hospital Santa Lúcia Norte, os eventos observados na aplicação da Pfizer são semelhantes ao das outras vacinas e da primeira e segunda dose. “Não só a vacina da Pfizer como as outras estão suscetíveis a reações adversas, que em sua grande totalidade são leves, como dor de cabeça, náusea, dor no corpo”, explica. A própria bula da Pfizer aponta quais são as reações podem ocorrer. Essas reações são comuns em até 48 horas após a imunização. O mesmo vale para as crianças. Caso a reação não passe após esse período, Lucas Albanez recomenda que a pessoa procure o serviço médico. “Caso os sintomas perdurem é importante procurar o serviço hospitalar para avaliação. Às vezes a pessoa está achando que é uma reação da vacina, mas ela já estava com um vírus incubado e está manifestando uma infecção”, alerta.

Casos de reações adversas graves são raras. Quando alguma acontece, o Ministério da Saúde e a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) investigam se há alguma relação com a vacina. De acordo com a bula da Pfizer, em raríssimos casos, em torno de 0,01% a 0,1% das pessoas vacinadas, pode ocorrer paralisia facial aguda.

Além disso, alguns dados sugerem casos de miocardite, uma inflamação no tecido do coração geralmente causada por uma infecção viral, após a imunização. Esses casos estão sendo estudados para saber se há relação com a vacina da Pfizer. Na bula, a farmacêutica informa que não há dados suficientes para saber qual a incidência dos casos. De acordo com a Anvisa, foram observados casos muito raros (16 casos para cada 1 milhão de vacinados) de miocardite e pericardite pós vacinação. A agência ainda ressalta que a miocardite e pericardite é um efeito adverso raro que ocorre após outras vacinações, como a contra a varíola. Além disso, os casos em consequência da covid-19 são muito maiores.

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o risco de desenvolver miocardite durante a covid-19 é vinte vezes maior do que o risco de desenvolvê-la devido à vacina. “É um evento muito raro que está sendo estudado. Não tem um nexo causal provado. O que se sabe é de casos de miocardite devido à covid-19”, ressalta Lucas.


Proteção supera riscos 


De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado em novembro, a chance de uma internação pela covid-19 é 257 vezes maior do que ter uma reação grave à vacina. Segundo os dados, só foram registradas 5,1 casos de eventos adversos graves a cada 100 mil doses aplicadas, o que é apenas 0,005% das pessoas que tomaram algum dos imunizantes. Nenhuma morte foi registrada com relação a vacina da Pfizer no Brasil. No caso do Distrito Federal, desde o início da imunização foram registrados oito casos de evento adverso grave após a vacinação com a Pfizer.

Reações esperadas segundo a bula da Pfizer

Reações muito comuns (em até 10% das pessoas) 

  • Dor e inchaço no local da vacinação;
  • cansaço
  • dor de cabeça
  • diarreia;
  • dor muscular;
  • dor nas articulações;
  • calafrios;
  • febre

Reações comuns (entre 1% e 10% das pessoas)

  • vermelhidão no local de injeção;
  • náusea e vômito

Reações incomuns (0,1% e 1% das pessoas)

  • aumento dos gânglios linfáticos (ou ínguas);
  • reações de hipersensibilidade [por exemplo, erupção cutânea (lesão na pele), prurido (coceira), urticária (alergia da pele com forte coceira), angioedema (inchaço das partes mais profundas da pele ou da mucosa)];
  • diminuição de apetite;
  • dor nos membros (braço);
  • insônia, letargia (cansaço e lentidão de reações e reflexos);
  • hiperidrose (suor excessivo);
  • suor noturno;
  • astenia (fraqueza, cansaço físico intenso);
  • sensação de mal-estar e prurido no local de injeção

Reações raras (0,01% a 0,1% das pessoas)

  • Paralisia facial aguda  

 


Onde notificar


Caso a pessoa tenha alguma reação adversa após a vacinação, ela pode notificar a Anvisa por meio de um formulário. Os profissionais de saúde também podem registrar os casos ao Ministério da Saúde por meio do e-SUS Notifica.


Quem pode tomar a terceira dose


A orientação do Ministério da Saúde é que a dose de reforço seja aplicada quatro meses após a segunda dose em todos com mais de 18 anos. A preferência é que a vacina da Pfizer seja usada como terceira dose. De acordo com o Ministério da Saúde, a opção por essa vacina levou em consideração estudos que sugerem que a combinação de diferentes imunizantes na terceira dose aumenta a resposta imunológica do organismo. Uma pesquisa feita pela Universidade de Oxford indicou que a terceira dose da Pfizer aumenta em até 175 vezes a produção de anticorpos neutralizantes, que são capazes de bloquear a entrada do vírus nas células.


A Anvisa emitiu um comunicado em novembro que diz que é necessário tomar a terceira dose porque a eficácia da vacina cai com o passar dos meses. “Os dados disponíveis até aqui sugerem diminuição da imunidade em algumas populações, ainda que totalmente vacinadas. A disponibilidade de doses de reforço é um mecanismo importante para assegurar a proteção contínua contra a doença”, disse. De acordo com Lucas Albanez, ainda não há estudos suficientes sobre a durabilidade da proteção da vacina, por isso é importante reforçar a imunização. “Precisamos interromper o fluxo do vírus e só vamos conseguir isso com a vacinação. Por isso é importante tomarmos a dose de reforço e também imunizar as crianças”, destaca.

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