violência

Congolês é morto a pauladas em quiosque

Thays Martins
postado em 01/02/2022 00:01

A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga a morte do congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos, que foi espancando até a morte. As agressões duraram aproximadamente 15 minutos com pedaços de pau e até um taco de beisebol, em um quiosque na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, no último dia 24. O assassinato foi flagrado por câmeras de segurança e, de acordo com os investigadores, as imagens estão sendo avaliadas para identificação dos suspeitos — oito prestaram depoimento, mas, até agora, ninguém foi preso.

Moïse trabalhava informalmente como atendente no quiosque e foi cobrar do gerente o pagamento por duas diárias que não recebera. Segundo uma nota da comunidade congolesa no Rio, cinco pessoas seriam os agressores do jovem.

"Esse ato brutal, que não somente manifesta o racismo estrutural da sociedade brasileira, mas claramente demonstra a xenofobia, dentro das suas formas, contra os estrangeiros. Nós, da comunidade congolesa, não vamos nos calar", diz o documento.

Amarrado

Segundo Yannick Kamanda, primo de Moïse, que teve acesso às imagens obtidas pela polícia, o jovem teve as pernas e os braços amarrados durante a agressão. "Num primeiro momento, o meu primo é visto reclamando por que ele queria receber. Depois, os ânimos se acirraram e o gerente pega um pedaço de madeira. O meu primo corre para se defender com uma cadeira. O gerente vai embora e, em seguida, volta com cinco pessoas e pegam o meu primo na covardia. Um rapaz dá um mata-leão (golpe que causa o sufocamento) nele e os outros quatro se revezam em bater", relatou.

Ainda de acordo com Yannick, Moïse ficou desacordado e, mesmo assim, o espancavam. "Só depois de um tempo viram que ele estava desacordado e deixaram ele jogado na areia".

Para piorar, os parentes só souberam da morte do jovem no dia seguinte ao assassinato, quase 12 horas após o crime. Ao irem reconhecer o corpo no Instituto Médico Legal, ficaram ainda mais revoltados, pois os peritos já tinham tirado os órgãos e preparavam o corpo para ser sepultado como indigente.

Moïse estava no Brasil desde 2011, quando fugiu da guerra na República Democrática do Congo. O corpo dele foi enterrado no Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio, no último domingo.

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