O governador de São Paulo, João Doria — pré-candidato do PSDB à Presidência da República —, afirmou, ontem, que o estado vai começar a aplicação da quarta dose da vacina contra covid-19 "independentemente de haver ou não recomendação do Ministério da Saúde". A nova aplicação está liberada apenas para pessoas imunossuprimidas, conforme nota técnica do Ministério da Saúde publicada em dezembro.
Doria, porém, não deu prazo de quando a quarta dose será disponibilizada para a população geral — que, segundo o governador, seguirá os mesmos critérios utilizados até agora: ordem estabelecida por faixa etária e com prioridade para imunossuprimidos e portadores de comorbidades.
A quarta aplicação — que só pode ser oferecida quatro meses depois da anterior — está sendo adotada em Israel e no Chile e, em São Paulo, está sendo oferecida aos idosos do município de Botucatu. Além disso, está restrita a pessoas em tratamento quimioterápico para câncer; com HIV/Aids; com imunodeficiência primária grave; ou que possuem órgão sólido transplantado ou células tronco hematopoiéticas, e que ainda estejam fazendo uso de drogas imunossupressoras. As vacinas autorizadas para essa fase de aplicação são da Pfizer, da AstraZeneca e da Janssen.
Mas, segundo o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, o principal, no momento, é terminar o esquema vacinal no estado, já que quase 2,2 milhões ainda não receberam sequer a segunda dose. "Entendemos que, neste momento, temos que focar naqueles que não estão adequadamente imunizados", afirmou em coletiva.
Incômodo
Depois de Doria anunciar a quarta dose, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, se colocou contrariamente ao governador e disse que a prioridade é a aplicação do reforço da vacina. "O governador de São Paulo e outros chefes de Executivo, seja de estado ou de município, muitas vezes interferem no processo decisório a respeito da imunização", afirmou, após sair de uma reunião com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no Congresso.
O ministro disse que a quarta dose da vacina está em discussão no ministério, mas que é preciso ter "base técnica" e "evidências científicas" para liberá-la. E enfatizou que as decisões sobre a imunização devem ser discutidas no ministério. "Se cada um quiser seguir de uma forma, o que vai acontecer? Quem é que tem a responsabilidade de garantir as doses? Há uma logística de distribuição", criticou.
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