violência

Mais dois participaram das agressões a Moïse

Correio Braziliense
postado em 10/02/2022 00:01

Com a divulgação da íntegra do vídeo do espancamento do congolês Moïse Kabagambe, morto em 24 de janeiro, ficou constatado que mais duas pessoas participaram do espancamento que causou a morte do jovem congolês. Até então, apenas três pessoas podiam ser vistas e devem ser julgadas por homicídio doloso. As identidades dos outros dois agressores não foram divulgadas.

Ao se assistir ao vídeo completo, é possível perceber que assim que Moïse foi derrubado, um homem vestido com uma camisa da seleção brasileira, que estava sentado em um banco do quiosque Tropicália — onde o assassinato ocorreu —, se aproximou e começou a puxar as pernas do congolês. Simultaneamente, um dos réus segura o pescoço do jovem e outro bate nele com um taco de beisebol.

Surge então mais um homem, vestido com blusa e boné pretos, que está presente em diversos momentos do vídeo. Primeiro, observou tudo; depois, se desfez do taco de beisebol (uma das armas do crime), entregue a ele por um dos agressores. Talvez para disfarçar sua participação no assassinato, começou a agir como se prestasse socorro a Moïse assim que um casal passou e, com expressão preocupada, viu o congolês estendido e imóvel no chão.

O vídeo também desmente o depoimento do dono do quiosque, que em depoimento dissera à polícia que foi avisado do episódio às 23h e que, ao chegar no local, à meia-noite, o corpo do congolês não estava lá. As imagens revelam que Moïse continuou no chão por mais uma hora e meia aproximadamente.

Funcionamento normal

Apesar do crime, o quiosque continuou funcionando normalmente. Uma testemunha disse à Delegacia de Homicídios da Capital, que apura o homicídio, que foi comprar um refrigerante no Tropicália e um dos agressores, Aleson Cristiano de Oliveira, disse para que não olhasse enquanto a agressão acontecia.

Essa mesma testemunha relata que pediu ajuda a dois guardas municipais, que se negaram a prestar auxílio. Além disso, Brendon Alexander Luz da Silva, um dos presos pelo assassinato, teria contado aos socorristas do Samu que "não sabia" o que havia acontecido com o congolês.

A equipe do Samu, embora tenha sido acionada às 22h26, só chegou às 23h15. Já os policiais apareceram à meia-noite e ficaram no local por cerca de 10 minutos — e não se aproximaram do corpo.

"Vendo a íntegra do vídeo, verão que há, sim, participação de outras pessoas, tanto por omissão de socorro quanto nas agressões", disse um dos tios de Moïse, Yannick Kamanda, durante audiência da Comissão de Direitos Humanos do Senado. (GB e MEA)

*Estagiárias sob a supervisão de Fabio Grecchi

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