Saúde confirma 2 casos da deltacron no país

Com um infectado no Pará e outro no Amapá, pasta indicou que variante, junção da delta com a ômicron, requer monitoramento

MARIA EDUARDA CARDIM GABRIELA CHABALGOITY*
postado em 16/03/2022 00:01
 (crédito: Walterson Rosa/MS     )
(crédito: Walterson Rosa/MS )

Em uma nova fase da pandemia da covid-19, na qual diversas restrições já não são mais vistas no Brasil, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, confirmou a presença da variante deltacron do novo coronavírus no país. De acordo com ele, dois casos da variante, conhecida como uma junção das cepas delta e ômicron, foram identificados. Para Queiroga, a variante deve ser monitorada.

"Essa variante, que seria uma junção da ômicron com a delta, deltacron, tem mais na França e alguns outros países da Europa. Nosso serviço de vigilância genômica já identificou dois casos no Brasil. Um no Amapá, outro no Pará. E nós monitoramos todos esses casos, isso é fruto do fortalecimento da capacidade de vigilância genômica no Brasil."

A Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa) informou que o caso identificado da deltacron no estado é referente a uma mulher de 26 anos, da zona rural de Afuá. "O caso ocorreu em janeiro deste ano, e a mulher já está recuperada. A Secretaria informa, ainda, que a mulher possui as duas doses da vacina e apresentou quadro leve da doença", disse em nota. A pasta de Saúde do Amapá não deu informações sobre o paciente infectado no estado.

Apesar de indicar que a variante requer acompanhamento, Queiroga disse que "as autoridades sanitárias estão aqui para, diante dessas situações, tranquilizar a população brasileira", completou.

O virologista Fernando Spilki, coordenador da Rede Corona-ômica, força-tarefa de laboratórios que faz o monitoramento genético de novas cepas, explicou ainda não ser possível precisar o tamanho do desafio que o Brasil e o mundo terão pela frente diante da nova cepa.

"Não é uma matemática exata. Já tivemos recombinantes que não deram em nada, como a junção de gamma e delta", indicou. Spilki explicou, ainda, que a junção de duas variantes é relativamente comum neste período de transição de cepas, como ocorreu recentemente com a saída da delta e chegada da ômicron. Para ele, o surgimento de uma nova variante pode complicar a situação. No entanto, é mais importante, ainda, atentar para como está a cobertura vacinal da covid e a adesão às outras medidas.

Relaxamento

O surgimento dessa nova variante se dá em um contexto em que diversas capitais brasileiras desobrigam o uso de máscaras em espaços abertos e, no caso de cinco capitais, em lugares fechados. Em Belo Horizonte, Boa Vista, Campo Grande, Macapá, Manaus, Porto Alegre, São Luís, São Paulo, Porto Velho e Teresina, o uso de máscaras não é obrigatório exclusivamente em locais abertos. Em Brasília, Florianópolis, Maceió, Natal e no Rio de Janeiro, é permitido ficar sem máscaras, também, em locais fechados.

Na visão do infectologista Alexandre Cunha, a liberação de máscaras e o aumento de aglomerações facilita a transmissão. "Você tem a não obrigatoriedade do uso de máscaras, maiores aglomerações permitidas, variantes com maior potencial de transmissão e uma população que não completou o esquema vacinal. É a situação adequada para a variante se espalhar. Por isso, a grande saída é a vacinação em dia", assegurou.

Cunha explicou que existe uma falsa noção de que existem variantes "boazinhas", com menor potencial. "Em toda e qualquer variante que surge, a letalidade é determinada pela cobertura vacinal", declarou.

O ministro da Saúde pediu ontem para que as pessoas procurem os postos de saúde a fim de completar o esquema de vacinação contra a covid-19. "Se eu tivesse que indicar uma medida, é a aplicação da dose de reforço. Aplicar a dose de reforço é importante. Se você não tomou, procure a unidade básica de saúde mais próxima de onde você mora", ressaltou Queiroga.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

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