Obituário

Morre cabo Anselmo, militar infiltrado que atuou na ditadura, aos 80 anos

Ele ficou conhecido nacionalmente após se tonar um agente infiltrado da ditadura militar em grupos guerrilheiros

Cecília Sóter
postado em 16/03/2022 17:16 / atualizado em 16/03/2022 17:17
 (crédito: Reprodução)
(crédito: Reprodução)

Morreu na noite desta terça-feira (15/3), em São Paulo, José Anselmo dos Santos, mais conhecido como cabo Anselmo, ex-agente duplo que atuou durante o regime militar. Ele estava com 80 anos e faleceu em decorrência de complicações causadas por cálculo renal.

O militar ficou conhecido nacionalmente após se tonar um agente infiltrado da ditadura em grupos guerrilheiros. Sua trajetória, que foi o principal colaborador dos órgãos de repressão do regime militar, é contada no livro O Massacre da Granja de São Bento, do jornalista pernambucano Luiz Felipe Campos.

A operação resultou na morte de seis militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), em janeiro de 1973, no Grande Recife, e teve participação decisiva do agente duplo, é relembrada na obra. Na ocasião, a então companheira de Anselmo, Soledad Barret Viedma, também foi assassinada.

Acredita-se que ele virou agente da ditadura após ser preso em São Paulo em 1971, contudo, desconfia-se entre presos políticos de que ele já atuava para a repressão política antes disso.

Anselmo teve a identidade militar cassada em 1964, quando foi expulso da Marinha. À época, ficou conhecido após protagonizar uma revolta de marinheiros em março daquele ano — episódio foi um dos pretextos usados pelos militares para o golpe de Estado.

Em 2004, ele deu entrada com um pedido de anistia solicitando a reintegração na Marinha e o direito à indenização de anistiado político, que foi negado. Anselmo recorreu da negativa e, em junho de 2020, a ministra Damares Alves indeferiu o recurso de reconsideração.

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