meio ambiente

Devastação amazônica em 3 meses é recorde

gabriela bernardes* gabriela chabalgoity*
postado em 09/04/2022 00:01

O desmatamento na floresta amazônica brasileira bateu recorde histórico no primeiro trimestre deste ano. Foram 941km² de devastação entre janeiro e março, recorde na série histórica iniciada em 2016 — aumento de 64% em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados do sistema de alertas Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, foram divulgados ontem.

Em janeiro, foram 430,4km² de área sob alerta de desmatamento — a média para o mês no período entre 2016 e 2021 é de 162km² e a taxa atual foi 165% maior. No caso de fevereiro, foram 199km² — nos últimos seis anos, a média é de 135km² e o número registrado este ano é 47% maior. Já em relação a março, foram 312,2km² — a área em 2022 é 11,8% maior, para uma média de 279,3km² na medição de 2016 e 2021.

O levantamento do Deter é a principal referência do país para medir os índices de desmatamento. A pesquisa indica, ainda, um desmatamento fora de época. Isso porque, normalmente, o período que vai de dezembro a março acumula taxas menores por causa do tempo chuvoso no bioma. Neste ano, porém, as taxas se aproximaram do período de seca.

De acordo com Suely Araújo, especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima, nos três primeiros anos do governo Bolsonaro a média anual foi 75% maior se comparada aos 10 anos anteriores. Ela salienta que o desmatamento também está muito elevado no Cerrado. "O que se projeta até o fim deste governo é a continuidade do projeto de destruição da fiscalização e da política ambiental como um todo", disse.

Segundo a porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil, Cristiane Mazzetti, "o retrocesso na gestão ambiental foi um objetivo claro nos últimos anos, e os resultados são evidentes nos alertas de desmatamento do primeiro trimestre de 2022 e nos recordes de desmatamento em anos anteriores".

*Estagiárias sob a supervisão de Fabio Grecchi

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