Obituário

Suzana Faini, atriz

Ricardo Daehn
postado em 26/04/2022 00:01
 (crédito: TV Globo / Kiko Cabral)
(crédito: TV Globo / Kiko Cabral)

A dramaturgia brasileira se despede de uma estrela. Morreu ontem a atriz Suzana Faini. A artista paulistana tinha 89 anos, estava internada no Hospital São Lucas, em Copacabana, e morreu em decorrência de complicações pelo quadro do Parkinson. O enterro está confirmado para esta terça-feira, no cemitério Jardim da Saudade.

Em comunicado público, a Associação dos Produtores de Teatro rendeu homenagem aos "70 anos de uma forte e extraordinária trajetória profissional e pessoal". Nos palcos, Suzana (Myriam, no nome de batismo) conquistou prêmios importantes como o Shell atribuído pela participação na peça Silêncio! (2014). A "densidade dramática" e o empenho em personagens e textos potentes foram citados pela associação teatral.

Bem antes do brilho em personagens religiosos da série Mulher (1998) e Chiquinha Gonzaga (1999), Suzana, filha de cantores de ópera, se destacou, entre os 19 e 34 anos, como bailarina. Nos últimos trabalhos para a tevê, ela integrou a segunda temporada de Sob pressão (2017) e o elenco de Espelho da vida (2018), na qual protagonizou um mistério, em trama de fundo espiritual, na qual deu vida à Guardiã e à avó Albertina Castelo. A estreia da atriz na telinha veio em 1969, em Rosa rebelde.

Para além do teatro e da televisão, Suzana Faini brilhou no cinema, em tramas como Eternamente Pagu (1988), dirigida por Norma Bengell, e em Os paqueras (1969), sob direção de Reginaldo Faria.

Ao lado de Lima Duarte, a atriz esteve no enredo de O crime do Zé Bigorna (1977), conduzido por Anselmo Duarte. Com o tema do feminicídio, o longa Vidas partidas (2016) também registrou o talento de Suzana Faini.

Na trajetória que se confunde com a história da telenovela no Brasil, Suzana despontou nas duas versões de Selva de pedra (1972 e 1986) e ainda na dupla presença em Irmãos coragem (versões de 1970 e de 1995).

Um dos papéis de maior apelo junto ao público veio com Top Model (1989), na qual personificou a sofisticada mãe da personagem central vivida por Malu Mader.

Representante de uma geração inesquecível para a televisão, Suzana participou de novelas de peso como Pai herói (1979) e Dancin days (1978), respectivamente, escritas por Janete Clair e Gilberto Braga.

Em 1988, Suzana Faini obteve o reconhecimento de melhor atriz coadjuvante, pela Associação Paulista dos Críticos de Arte, com o papel em Vida nova, de Benedito Ruy Barbosa. Na trama, ela era a simples, mas austera, Maria, personagem com enorme lacuna de comunicação junto à filha Branca (Patrícia Pillar).

Curiosamente, os caminhos de Pillar e Faini se cruzaram ainda em novelas como Salomé (1991) e A favorita (2008).

Suzana Faini deixa uma filha, Milenka, nascida em 1963.

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