O recuo do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre o reajuste e a reestruturação das carreiras da Polícia Federal fez com que a categoria iniciasse uma série de mobilizações em todo o país. Por causa da pressão das demais categorias do serviço público federal, o governo anunciou um reajuste linear de 5%, mas não retomou as conversas com policiais federais — uma das bases eleitorais de Bolsonaro — sobre a promessa feita em 2021. Para o Orçamento de 2022, foi aprovado R$ 1,7 bilhão para a realização da reestruturação das carreiras da segurança pública.
Em assembleia, diferentes categorias da PF fecharam novas datas para as paralisações. A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) definiu três manifestações: na quinta-feira — em todos os estados — e no dia 19. Também está marcada para 1º de junho uma marcha em Brasília que contará com a presença de integrantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Segundo Marcus Firme, presidente da Fenapef, os protestos podem se intensificar. "A depender do ambiente político, podemos convocar assembleia e definir algo mais incisivo", disse.
Já a Associação dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) confirmou que foram aprovadas paralisações parciais e mobilizações. O clima é de indignação, pois os delegados entendem que estão sendo desvalorizados. Em nota enviada na semana passada, definiram como "vergonhoso" o estado ao qual "estão submetidos os policiais", apesar de Bolsonaro ter sido eleito com a segurança pública como uma das principais bandeiras.
"A categoria teve significativas perdas como: desamparo a família do policial morto em serviço; redução real do salário, ante o aumento da alíquota da contribuição previdenciária; trabalho em regime de sobreaviso não remunerado ou compensado; diárias cujos valores não pagam todos os gastos do policial com hospedagem, alimentação e transporte durante a missão, tendo o servidor que custear o restante com o próprio salário", diz nota da ADPF.
Auditores fiscais
Enquanto as categorias da segurança avaliam os sinais emitidos pelo Palácio do Planalto e pela equipe econômica, os servidores das demais carreiras do funcionalismo seguem de braços cruzados. No caso dos auditores fiscais da Receita Federal, representados pelo Sindifisco Nacional, as demandas vão além do reajuste salarial.
Segundo o sindicato, a mobilização da categoria ocorre por três questões. "O baixo orçamento da Receita Federal, a falta de concursos públicos, que não ocorrem há mais de oito anos, e a regulamentação da Lei 13.464/2017, que trata do bônus da categoria e outras disposições", informou em nota.
Já os servidores do Banco Central, representados pelo Sinal, retomaram a greve na semana passada e contam com a adesão de mais de 50% do quadro funcional. As demandas apresentadas pela categoria são a reposição da inflação de 27% nos salários, além da reestruturação da carreira de técnico e de analistas do BC. O sindicato informou ao Correio que o governo ignorou a realização de reuniões para tentar solucionar o impasse.
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