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Medidas da covid funcionam para varíola

ISABEL DOURADO* MARIA EDUARDA ANGELI*
postado em 25/05/2022 00:01

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforçou, ontem, a importância do uso de máscaras de proteção e distanciamento físico em aeroportos e aeronaves por causa dos recentes surtos de varíola dos macacos — que atingem países da Europa, América e Oceania, além da África, onde a doença é endêmica. Segundo especialistas, as medidas são importantes pela facilidade com que o vírus da doença pode se disseminar pela circulação de pessoas em viagens de avião.

"O distanciamento físico sempre que possível, o uso de máscaras de proteção e a higienização frequente das mãos têm o condão de proteger o indivíduo e a coletividade não apenas contra a covid-19, mas também contra outras doenças", salienta nota da Anvisa, acrescentando que acompanha os dados e a evolução da doença.

A presença desse tipo de varíola fora da África começou a ser observada no início deste mês. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são 131 casos confirmados e 106 suspeitos e, até agora, não há nenhum registro no Brasil. A origem das infecções ainda não foi identificada.

"Esse surto tem uma característica interessante e peculiar, porque está relacionado a alguns eventos internacionais. Pessoas de diversos países transmitiram a doença para outras e fizeram com que essas voltassem para seu país de origem infectadas", explica o epidemiologista Jonas Brant.

Inevitável

Na opinião da infectologista Ana Helena Germoglio, o Brasil provavelmente terá uma notificação da doença em breve, em razão da dinâmica da circulação do vírus. Ela ressalta que a varíola do macaco não se compara, por exemplo, à covid-19 em termos de transmissibilidade ou mortalidade.

"Apesar do alarde que está tendo, é uma doença que é mais 'feia' (por causa das erupções na pele) do que grave, porque a mortalidade é muito pequena quando a gente compara com outras patologias", esclarece.

Para o infectologista André Bon, do Hospital Brasília, é preciso observar como os casos vão se desenvolver em outras regiões do planeta. "Já existe um alerta epidemiológico em relação ao que pode ser o critério de caso suspeito. Mas o risco de chegar no Brasil e existir um surto é indeterminado. A gente não tem como saber com um número tão pequeno de casos como o que temos agora", observou.

Segundo o infectologista, o importante é criar um protocolo para notificação, investigação e rastreamento. André Bon acredita que o Brasil está pronto para lidar com a situação.

"A gente precisa manter a vigilância, fazer rastreio de casos, isolamento e toda aquela história que acho que a população já aprendeu bem, por conta da covid-19. O número de casos no mundo inteiro é baixo e achar que isso é uma ameaça à saúde da população neste momento não é verdade", salienta Bon.

*Estagiárias sob a supervisão de Fabio Grecchi

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