Julgamento

Chacina de Unaí: acusação apresenta prova que liga Antério a Chico Pinheiro

Ligação telefônica feita de número registrado em nome de Antério Mânica ao município de Formosa pode comprovar relação com intermediário da chacina de Unaí

Silvia Pires - Estado de Minas
postado em 25/05/2022 13:28
 (crédito: Jair Amaral/EM/D.A Press)
(crédito: Jair Amaral/EM/D.A Press)

As procuradoras de acusação apresentaram, na manhã desta quarta-feira (25), documento que prova uma ligação telefônica feita por um número registrado no nome de Antério Mânica para o município Formosa, cidade onde mora Chico Pinheiro, um dos intermediários do crime que ficou conhecido como Chacina de Unaí.

Erinaldo de Vasconcelos Silva, um dos autores dos disparos que matou três fiscais do Ministério do Trabalho em uma emboscada em 2004, foi o primeiro a depôr na manhã desta quarta-feira (25). Apesar de não ter tido contato direto com Antério, ele diz que Chico Pinheiro confirmou o envolvimento do fazendeiro no crime.

A motivação do crime seriam as fiscalizações feitas pelos auditores nas fazendas da região. Segundo Erinaldo, os irmãos Mânica reclamavam que o fiscal Nelson José da Silva fazia vista grossa e não aceitava dinheiro dos fazendeiros. O combinado, inicialmente, era matar apenas Nelson.


Segundo Erinaldo, Antério estava presente na reunião entre os intermediários do crime, que aconteceu em um posto de gasolina. Ele diz que o fazendeiro estava no Fiat Marea de cor escura. Irritado com a falta de resolução do problema, Antério teria dito para "torar todo mundo", se referindo ao pedido para matar todos os fiscais envolvidos na investigação e ainda dobrou o valor da recompensa.

Questionado pela defesa do réu, representada pelo advogado Marcelo Leonardo, Erinaldo disse que não viu Antério no dia, mas que a informação teria sido confirmada por Chico Pinheiro. O advogado ressalta que Erinaldo teve três oportunidades para apresentar o fato, mas só o fez dois anos após a morte de Chico.

À época da primeira prisão dos acusados, Erinaldo alega que os irmãos Mânica teriam oferecido R$300 mil para que ele e Wiliam, outro executor do crime, assumissem a autoria como um caso de latrocínio, que é o roubo seguido de morte. Para desviar a atenção das autoridades no dia do assassinato, os autores do disparo chegaram, inclusive, a simular o roubo de pertences das vítimas.

O crime de latrocínio seria a saída para livrar os mandantes do crime das acusações. "Era melhor salvar alguém, porque os que estavam de fora poderiam ajudar a nos livrar", declarou Erinaldo em seu depoimento.

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