A investigação da Polícia Civil sobre a operação que deixou 23 mortos na Vila Cruzeiro, na última terça-feira (24/5), tem uma nova questão para solucionar. Nove policiais militares e três policiais rodoviários federais se apresentaram na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e admitiram a participação nos confrontos que, segundo eles, causaram 10 mortes. Agora, a corporação tenta descobrir como — e onde — os outros 13 mortos na ação foram atingidos por tiros.
As informações são do jornal O Globo. A maior parte dos 13 mortos, cujos óbitos os doze policiais não reconheceram como resultado do conflito direto, foi levada por familiares ou amigos para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha. A Polícia ouviu alguns parentes para mapear os locais em que as pessoas estavam antes de serem atingidos — os depoimentos são mantidos em sigilo.
A corporação já sabe que alguns deles estavam numa mata que liga a Vila Cruzeiro ao Complexo de Alemão, mesmo local em que os outros dez mortos foram baleados. A investigação também analisará se algum dos 23 mortos foram executados, para isso, a Polícia aguarda os laudos que irão definir se algum disparo foi feito a curta distância.
Os doze policiais que já compareceram à DHC também entregaram os fuzis usados na operação. Ainda faltam, ao menos, 23 policiais rodoviários prestarem depoimento sobre o ocorrido — a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou ao O Globo que 26 policiais da corporação, com 11 viaturas, participaram da operação. A Polícia Militar não informou o número de agentes que participaram da operação.
Ao G1, o Instituto Médico Legal (IML) informou que já identificou 22 das 23 vítimas. Confira:
- Anderson de Souza Lopes
- Carlos Alexandre de Oliveira Rua
- Carlos Henrique Pacehco da Silva
- Denis Fernandes Rodrigues
- Diego Leal de Souza
- Douglas Costa Incaio Donato
- Edmilson Felix Herculano
- Emerson Stelman da Silva
- Eraldo de Novaes Ribeiro
- Everton Nunes Pires
- Gabrielle Ferreira da Cunha
- Izaias Vitor Marques Nobrega
- João Carlos Arruda Ferreira (Menor)
- João Victor Moraes da Rocha
- Leonardo dos Santos Mendonça
- Mauri Edson Vulcão Costa
- Maycon Douglas Alves Ferreira da Silva
- Nathan Werneck Borges Lopes
- Patrick de Andrade da Silva
- Ricardo José Cruz Zacarias Junior
- Roque de Castro Pinto Junior
- Tiugo dos Santos Bruno
De acordo com a polícia, a operação, deflagrada na madrugada de terça-feira (24/5), tinha como objetivo prender chefes do Comando Vermelho, considerada a maior facção criminosa do estado. A Polícia Militar informou que a operação estava em planejamento por meses, mas foi iniciada emergencialmente, para evitar uma possível mudança dos suspeitos para a comunidade da Rocinha, na Zona Sul do Rio.
STF cobra explicações do governo do Rio sobre a operação
Na noite de quinta-feira (26/5), um ofício assinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli foi encaminhado ao governo do Rio de Janeiro para cobrar explicações sobre a operação realizada na Vila Cruzeiro. O pedido atendeu uma ação movida pelo Instituto Anjos da Liberdade, que exige o fim de operações do tipo.
Decano do STF, o ministro Gilmar Mendes condenou a operação. No início da sessão da casa de quinta-feira (26/), o magistrado classificou o episódio como “violência policial lamentável”.
Já o presidente do Supremo, Luiz Fux, afirma que a corte aguarda explicações sobre o caso. "A Polícia Militar deve satisfações, e estou aguardando essas satisfações", disse.
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