devastação

Crescimento urbano desordenado é fator decisivo para impacto letal de chuvas

Bolsonaro sobrevoa área atingida em Pernambuco e adianta medidas emergenciais. Temporais mataram 91 pessoas e deixaram 5 mil desabrigadas. Crescimento urbano desordenado é fator decisivo para impacto letal das chuvas torrenciais

Cristiane Noberto
postado em 31/05/2022 06:00
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

O presidente Jair Bolsonaro sobrevoou, ontem, as áreas atingidas pelas chuvas em Pernambuco, onde o número de mortos passou de 91 e mais de 5 mil pessoas estão desabrigadas. Acompanhado de diversos auxiliares, o chefe do Executivo anunciou uma série de medidas. Apesar de afirmar que não era momento de politizar sobre a tragédia, o presidente criticou o governador do estado, Paulo Câmara (PSB), que faz oposição ao governo Bolsonaro.

O presidente detalhou as medidas emergenciais para as vítimas de Pernambuco. A primeira é a antecipação de parcelas do Benefício de Prestação Continuada (BPC), mais uma parcela no valor de um salário mínimo (atualmente em R$ 1.212) aos inscritos no programa em Pernambuco.

A Caixa Econômica Federal, por sua vez, permitirá a liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), além de suspender o pagamento de créditos contratados no banco pelos próximos três meses. A medida valerá para pessoas físicas e jurídicas da região atingida.

Segundo o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, os recursos do FGTS estarão nas contas digitais dos atingidos pela chuva em até cinco dias e podem ser movimentados por meio do aplicativo Caixa Tem — o mesmo utilizado durante a pandemia para a liberação do Auxílio Emergencial.

O presidente Bolsonaro deixou claro que o governo federal pretende auxiliar as vítimas sem a intermediação de estados e municípios. "Tudo que nós pudermos fazer e entregar diretamente para os interessados, sem passar por governadores e prefeitos, nós o faremos. Porque entendemos que dessa forma, além de poupar de trabalho os governadores e prefeitos, nós estaremos atendendo, de fato, interessados na ponta da linha", alegou o chefe do Executivo.

Bolsonaro alfinetou o governador do estado, Paulo Câmara (PSB) — que afirmou não ter sido convidado para a visita presidencial a Pernambuco. O presidente disse que atendeu a todos os governadores e prefeitos que procuraram e que "faltou iniciativa da parte dele". "Aqui ninguém está proibido de comparecer nesse local, nesse momento. Foi amplamente divulgado da nossa presença aqui. Isso tudo (chuvas na região) aconteceu no sábado e domingo. Se o governador estava fazendo outra coisa, eu não sei", disse o presidente.

Nas redes sociais, Paulo Câmara detalhou o que fazia enquanto Bolsonaro visitava o estado. "Comecei a segunda-feira acompanhando o trabalho de resgate das vítimas dos deslizamentos de barreiras na Região Metropolitana do Recife. Estive no Recife, Jaboatão dos Guararapes e Camaragibe. O suporte para as ações de salvamento, assistências e obras emergenciais está garantido", informou.

Câmara já afirmou publicamente que apoiará o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mesmo assim, o presidente disse que não iria politizar a situação. "Independentemente da coloração partidária, todos estamos obviamente tristes. Manifestamos nossos votos de pesar aos familiares. Nosso objetivo maior é confortar os familiares e, por meios materiais, também atender a população", disse o presidente.

O governo federal anunciou, também, a liberação de mais de R$ 1 bilhão para o estado. Metade deste valor será destinado a "ações de resposta", o que inclui primeiros socorros e restabelecimento de serviços essenciais.

O Brasil teve pelo menos 507 mortes por temporais desde o fim de 2021 — já incluídas as vítimas de Pernambuco. O balanço é do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). Trata-se do período de chuvas com mais mortes desde 2011, quando deslizamentos de terra fizeram 918 vítimas na Região Serrana do Rio.

calor nordeste
calor nordeste (foto: pacifico)

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