Danos morais

'Gaylileu': publicitário recebe indenização de farmácia por homofobia

Drogaria fez acordo com o publicitário para encerrar o processo; dinheiro será revertido para bolsas de estudo

A rede de farmácias Droga Raia aceitou fazer um acordo e pagar R$ 40 mil de indenização, por danos morais, por ter chamado um publicitário de "Gaylileu". Com isso, o processo foi arquivado.

A farmácia foi acusada de homofobia depois que, em 2021, Galileu Araujo Nogueira passou a receber mensagens com informativos da empresa por SMS sendo chamado de "Gaylileu". Ele tornou o caso público pelas redes sociais.

"Droga Raia: Gaylileu o NORVOSAC 5 MG 30 S deve estar acabando. Compre pelo site ou na Droga Raia mais prox (p/sair envie PARE)", dizia uma mensagem recebida em março de 2021, sendo que, até janeiro, a drogaria gravava o nome dele de forma correta.

O acordo firmado na Justiça de São Paulo gerou uma indenização de R$ 20 mil para Galileu e R$ 20 mil para a ONG Casa 1, que apoia jovens LGBTQIAP+ expulsos de casa. Antes do acordo, a drogaria tinha chegado a ser condenada em primeira instância a pagar uma indenização de R$ 4 mil. 

Galileu informou que, com o valor ganho, ele irá oferecer 25 bolsas de estudo em comunicação para jovens LGBTQIAP+. Pelas redes sociais, o publicitário comemorou o resultado e agradeceu o apoio. "Vocês são incríveis. Obrigado pelo carinho, pelo apoio. Eu não tinha ideia de que a notícia de que a homofobia perdeu ia ganhar tanto espaço e tanta visibilidade, porque geralmente o que ganha espaço é a homofobia em si, a violência, e não exatamente que a gente esta caminhando", disse pelos stories. 

Em nota, a Droga Raia informou que ficou satisfeita com o desfecho do processo e que, mesmo a sentença judicial determinando o pagamento de um valor bem abaixo, resolveu manter os valores negociados. "Ficamos satisfeitos com o desfecho, pois sabemos que isso poderá contribuir com a promoção contínua da diversidade, e porque estamos aprendendo juntos como construir uma sociedade mais inclusiva", afirmou. 

A rede também afirmou que tem investido no treinamento e conscientização dos funcionários para que episódios como este não ocorram. 

Leia a nota completa

"A Droga Raia é uma empresa com mais de 115 anos, que se preocupa com a saúde e o bem-estar de seus clientes, aberta à diversidade, à pluralidade e a relações transparentes, portanto, somos contra qualquer ato de discriminação. Respeitamos a comunidade LBTQI+ e trabalhamos pela inclusão dessas pessoas em nosso quadro de funcionários, sempre preocupados com o bom atendimento dos nossos clientes em nossas farmácias.

Quando recebemos o relato do Sr. Galileu entramos em contato para marcar uma conversa pessoal e apresentar as iniciativas da empresa no campo da Diversidade, e mesmo com a sentença judicial determinando um valor bem abaixo do que estávamos negociando, entendemos que poderíamos manter o acordo nos valores combinados, aceitando a sugestão do cliente em destinar parte do valor à ONG Casa 1. Ficamos satisfeitos com o desfecho, pois sabemos que isso poderá contribuir com a promoção contínua da diversidade, e porque estamos aprendendo juntos como construir uma sociedade mais inclusiva.

Continuaremos investindo em treinamentos e conscientização dos nossos 50 mil funcionários para combater a discriminação, bem como no letramento de nossos executivos, que em 2021, tornaram-se sponsors nas agendas de gerações, gênero, LGBTI+, pessoas com deficiência e raça/etnia.

Apesar de todas as nossas iniciativas sabemos que ainda há muito para avançar. Estamos trabalhando para que as nossas farmácias continuem sendo referências no acolhimento às pessoas, mantendo o máximo respeito e cuidado com clientes, funcionários e a sociedade em geral."

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