As buscas por vítimas dos deslizamentos em Pernambuco foram encerradas, ontem, após socorristas encontrarem, em Camaragibe, o corpo da última pessoa dada como desaparecida: Mércia Josefa do Nascimento, de 43 anos. Assim, chega a 128 o total de mortos, entre os quais 32 crianças, pela tragédia provocada por chuvas torrenciais no estado.
"Hoje (ontem), encerramos as buscas pelas pessoas desaparecidas. Quero prestar minha solidariedade aos familiares das 128 vítimas e informar que estamos decretando luto oficial de três dias, em memória dessas pessoas", disse o governador Paulo Câmara (PSB), por meio de nota oficial.
Câmara anunciou ter enviado um projeto de lei à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) que prevê o pagamento de uma pensão por morte para os familiares das vítimas, além de outro projeto para pagar um auxílio de R$ 1.500, em parcela única, para a população desabrigada ou desalojada. O governador não detalhou valores da pensão especial ou por quanto tempo o benefício será pago. De acordo com ele, a intenção é de que os repassem sejam feitos ainda neste mês.
Por sua vez, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), disse que aumentará o valor do auxílio destinado a desabrigados e desalojados: de R$ 1.500 para R$ 2.500, pago em parcela única. O gestor também anunciou a elevação de 50% no valor do auxílio-moradia na cidade, passando de R$ 200 para R$ 300.
João Campos informou que pediu ao governo federal a liberação de recursos para reduzir os impactos da tragédia. Até agora, R$ 74 milhões foram autorizados pelo Ministério do Desenvolvimento Regional no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento e R$ 300 milhões para obras de urbanização de áreas de risco.
Monitoramento
A sociedade civil tem criticado a falta de ações dos governantes para tentar evitar ou minimizar esse tipo de tragédia. Especialistas expõem o corte nos orçamentos de programas que acompanham deslizamentos e outros desastres naturais.
É o caso de nove equipamentos que foram instalados em 2016 pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) para acompanhar em tempo real deslizamentos de terra e que estão parados desde janeiro de 2018 por falta de verba para a manutenção.
O Cemaden foi criado em 2011, após as chuvas que deixaram mais de 900 mortes na região serrana do Rio de Janeiro. O orçamento era de 90 milhões em 2012. No entanto, ao longo dos anos, o investimento foi sendo reduzido. Este ano, estava em 23 milhões.
Na visão do engenheiro especialista em geotecnia Ricardo Mirisola, o Brasil carece de políticas públicas para remediar desastres naturais. "Em Pernambuco, tem o Cemaden que monitora esses riscos, e eles deram um alerta para a Defesa Civil, mas foi um ou dois dias antes. O problema é que a gente não tem políticas públicas ativas. Nesse caso, eles fizeram o que podiam fazer. O risco de deslizamento era iminente", ressaltou.
*Estagiária sob a supervisão de Cida Barbosa
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