Tumulto

Sem atendimento, populares bloqueiam posto de saúde e ameaçam funcionários

Pessoas que não conseguiram vagas de atendimento ficaram na porta da unidade e só foram acalmadas pela Polícia Militar e pela Guarda Municipal. Ninguém foi preso

Roger Dias - Estado de Minas
postado em 09/06/2022 10:43
 (crédito:  Divulgação)
(crédito: Divulgação)

Um tumulto generalizado no Centro de Saúde Piratininga, em Venda Nova, Minas Gerais, se transformou em caso de polícia na tarde desta quarta-feira (8/6). Insatisfeitos com a falta de vagas para atendimento médico, seis populares bloquearam o portão da unidade e ameaçaram médicos, enfermeiras e demais trabalhadores caso não recebessem a senha.

Foi necessário que a Polícia Militar e a Guarda Municipal atuassem para que os funcionários fossem embora para casa. Apesar disso, depois que a situação foi apaziguada, vários trabalhadores ficaram até mais tarde, ultrapassando a oferta de atendimentos do dia. Nenhum dos populares foi preso.

"Eles chegaram no posto por volta de 12h, e quando foram avisados de que não poderiam passar pelo médico, começaram a se exaltar. Nos xingaram muito e afirmavam que era um absurdo eles não serem atendidos. Não queriam nos deixar ir embora", afirmou um médico, que preferiu não se identificar.

O tumulto ocorreu quando uma criança passou pela triagem da unidade, mas não obteve atendimento. A mãe logo ficou do lado de fora do posto e disse que não deixaria ninguém ir para casa caso a menina não passasse pelo médico. Em seguida, outras cinco pessoas ajudaram a bloquear a saída e a insultar os funcionários.

"Todos estão com medo de trabalhar amanhã. Fomos ameaçados de que eles estarão na porta para acertar as contas", afirmou o médico, responsável por chamar a Polícia. "Uma pessoa chegou alterada e deu um tapa na mesa. O funcionário que estava com a gente quase foi agredido", relatou o profissional.

Falta de vagas

O posto de saúde oferece cerca de 50 fichas por dia para atendimento, mas, em dias de maior movimento, como segunda e terça, o número chega a 70.

Os casos mais graves são encaminhados para a Unidade de Pronto-Atendimento.

O local convive com a falta de médicos, pois vários que trabalham no local estão de férias ou afastados.

"Fazemos a triagem, passamos laudos dos testes de COVID e fazemos o encaminhamento para a UPA, se necessário. Mas todos os pacientes estavam clinicamente estáveis. Muitos deles querem pedir medicação, atestados, mas não podemos fornecer", conta uma enfermeira que estava no momento do tumulto.

O médico lamenta que não haja melhores condições de trabalho: "A situação dos funcionários é caótica. Temos sofrido agressões verbais com frequência. Precisamos de mais segurança. A PBH alega que não há verba para ter guardas municipais em todas as unidades".

Em nota, a PBH disse que reforçará a segurança do local nesta quinta-feira (9/6). "A Guarda Municipal foi acionada para conter um tumulto no Posto Médico do bairro Piratinga, na tarde desta quarta-feira (8). No local, os agentes foram informados que uma paciente, insatisfeita com o fato de seu atendimento não ter sido considerado prioridade durante a triagem, forçou o fechamento da porta do local, para que ninguém mais saísse ou entrasse da unidade", diz o comunicado.

"A paciente alegou que teve o braço direito machucado por um suposto funcionário que forçou a abertura do portão, pelo lado de fora. Ela teria ainda discutido com uma enfermeira. Os guardas municipais contiveram o tumulto, registraram a ocorrência e encaminharam o boletim para a delegacia da Polícia Civil. As rondas preventivas da Guarda Municipal serão reforçadas no local, nesta quinta-feira", complementa.

O Estado de Minas também questionou o Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG) e aguarda retorno.

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