Poluidores na floresta

Correio Braziliense
postado em 14/06/2022 00:01

Dos 10 municípios com mais emissões no Brasil, oito estão na Amazônia, segundo balanço do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), divulgado ontem. A principal razão de emissão de substâncias tóxicas despejadas no meio ambiente é o desmatamento causado pela agropecuária.

A derrubada para a abertura de pasto é o principal motivo dos gases em suspensão em 67% dos municípios brasileiros, com destaque para a criação de gado de corte. Já a devastação da floresta, embora seja a maior fonte de contribuição para a crise climática pelo Brasil, é a grande causa da poluição atmosférica em 18% das cidades.

Altamira e São Félix do Xingu (PA) lideram a lista, seguidos por Porto Velho (RO) e Lábrea (AM). Em 2019, os 10 emitiram juntos 198 milhões de toneladas brutas de dióxido de carbono equivalente (MtCO²e). Isso corresponde a mais poluição na atmosfera do que todas as emissões de países como Peru e Holanda.

São Paulo e Rio de Janeiro são os únicos de fora da Amazônia entre os campeões de emissões, na quinta e na oitava posições, respectivamente. No caso das capitais, as causas estão no setor de energia, em especial os transportes.

Legislação

"Esses dois desafios (desmatamento e transporte) podem ser regulados também em nível municipal. Mas a atuação estadual e federal são fundamentais. Os instrumentos de taxação, por exemplo, são todos deles", disse Tasso Azevedo, engenheiro florestal e coordenador do SEEG.

Se forem consideradas as 10 cidades com mais emissões no setor da agropecuária, o levantamento também aponta que, de 2000 a 2019, houve aumento de 2,13 milhões de hectares de pastagem (em vez do aproveitamento de áreas já abertas). Mais da metade dessas áreas (56%) estão em algum estágio de degradação. Isso explica as emissões de CO² e também indica o potencial de recuperação dessas áreas, que podem se tornar mais produtivas e contribuir para a remoção de carbono, quando bem manejadas e sem a abertura de novos pastos.

Os dados mostram que o volume de emissões atmosféricas não está ligado à rentabilidade do setor. O levantamento cruzou dados de emissão com o valor do PIB Agropecuário nos municípios. Dos 10 com as maiores emissões em 2019, nenhum deles está entre aqueles com maior importância para o setor.

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