Amazônia sem lei

PF nega ter encontrado corpos de Dom e Bruno

Informação não confirmada foi passada à mulher do jornalista por um conselheiro da Embaixada brasileira em Londres

Tainá andrade taísa medeiros isadora albernaz*
postado em 14/06/2022 00:01
 (crédito: Material Cedido ao correio Braziliense)
(crédito: Material Cedido ao correio Braziliense)

A Polícia Federal desmentiu, ontem, a informação de que os corpos de Bruno Araújo Pereira e de Dom Phillips tinham sido encontrados. A posição da PF foi corroborada pelos integrantes da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), que vêm ajudando nas buscas aos dois. No domingo, pertences do indigenista e do jornalista foram encontrados em parte submersos numa área de igapós do Rio Itaquaí — entre eles um notebook, um cartão de saúde, um chinelo e dois pares de botas.

O desmentido da PF foi em função da informação, passada pelo conselheiro da representação diplomática brasileira, Roberto Doring, à mulher de Dom, Alessandra Sampaio, de que os corpos tinham sido encontrados. Ela disse, ainda, que os dois foram achados amarrados em uma árvore, segundo passou o cunhado, Paul Sherwood — que disse ter sido avisado pelo embaixador do Reino Unido no Brasil, Francis Vijay.

Em nota, a PF garantiu que "não procedem as informações que estão sendo divulgadas a respeito de terem sido encontrados os corpos de Bruno Pereira e Dom Phillips. Conforme já divulgado, foram encontrados materiais biológicos que estão sendo periciados e os pertences pessoais dos desaparecidos".

No final da tarde, a corporação assegurou que "foram realizadas (diligências) até às 18h (de segunda-feira), mas nada foi encontrado. As buscas continuaram em outras áreas do Rio Itaquaí e as investigações continuam sendo realizadas de forma técnica". Quanto à perícia do "material orgânico aparentemente humano", descoberto na sexta-feira passada, e as amostras de sangue achadas em uma lona que estava com os pertences de Dom e Bruno, a PF previu que os resultados têm tudo para sair nesta semana.

Já o Ministério das Relações Exteriores emitiu, no começo da tarde de ontem, uma nota na qual não confirmou as informações passadas por Roberto Doring.

Por sua vez, a Embaixada do Reino Unido no Brasil limitou-se a dizer que recebe informações sobre a operação, mantém contato com as autoridades brasileiras e atualiza as famílias sobre o andamento das investigações. A encarregada de negócios da representação diplomática, Melaine Hopkins, disse que as buscas "seguem em andamento". "Nossos pensamentos estão com a família e amigos de Dom Phillips e Bruno Pereira neste momento angustiante", tuitou.

Protesto

Os indígenas da região do Vale do Javari, local onde Bruno e Dom desapareceram, foram ontem às ruas em Atalaia do Norte (AM) para cobrar explicações sobre o sumiço do indigenista e do jornalista, além de cobrar maior fiscalização nas terras dos povos nativos. "Queremos proteção das nossas terras com urgência. Proteção já", dizia uma das faixas carregadas no protesto. "Quem mandou matar Bruno, Dom e Maxciel?", questionava outro cartaz, lembrando de Maxciel Pereira dos Santos, servidor da Funai, morto com dois tiros na nuca, em 2019, no município de Tabatinga (AM). Assim como Bruno, ele também atuava no Vale do Javari e já havia sofrido ameaças de morte.

A manifestação foi organizada pela Univaja e percorreu as ruas da cidade. Os representantes das comunidades originárias também protestaram contra o projeto de lei que prevê a autorização de mineração e construção de hidrelétricas em terras indígenas (PL 191), e contra o do Marco Temporal (PL 490) — que pretende alterar as regras para a demarcação dos territórios indígenas.

*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi

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