A 4ª Delegacia Regional de Polícia Civil de João Monlevade (4º DRPC) apresentou, na terça-feira (14/6), inquérito que conclui que a denúncia de importunação sexual contra o o pastor Luiz Henrique da Silva, então presidente da Assembleia de Deus – Templo Arca, em João Monlevade, é caluniosa.
O anúncio foi feito em entrevista coletiva convocada pelo próprio 4º DRPC, para apresentar os resultados das investigações, iniciadas no dia 10 de maio.
Entenda o caso
O pastor Luiz Henrique da Silva foi denunciado por importunação sexual, algumas vezes, desde o ano de 2020, por uma mulher de 40 anos, no último dia 26 de abril. Após as denúncias, o religioso, que era a maior liderança da Igreja na região, presidente do Ministério para o Campo Monlevade e Itabira, pertencente à Convenção dos Ministérios das Assembleias de Deus do Leste de Minas Gerais (Comadeleste), foi afastado de todas as suas funções eclesiásticas, ministeriais e administrativas.
Após a denúncia, a Polícia Civil de João Monlevade passou a investigar a denúncia, colhendo depoimentos. Com o andar do inquérito, de quase 200 páginas, a justiça entendeu que a denúncia teria sido caluniosa e motivada por desagrados acerca da gestão do pastor Luiz Henrique à frente da igreja. Com isso, teria se formado um grupo opositor que não concordava com as mudanças na administração da Assembleia de Deus implantadas pelo então líder da igreja.
A Polícia Civil afirmou durante a coletiva que a denunciante teria se incomodado com as respostas do pastor Luiz a questionamentos feitos por ela e, por isso, se uniu a outros fiéis da igreja para tentar prejudicar o religioso e levar à perda de sua posição de liderança na igreja.
Reviravolta
Com a conclusão do inquérito, a antes denunciante agora se tornou ré, sendo indiciada pelo crime de denunciação caluniosa, juntamente com outros dois fiéis da igreja. Além destes, mais quatro membros da igreja foram indiciados por falso testemunho.
De acordo com a delegada da Polícia Civil, Camila Alves, a denunciante, e agora ré, fez parte de um conluio, com alinhamento entre as partes, ou seja, participou de livre e espontânea vontade das armações.
Apesar do inquérito apontar que as denúncias foram caluniosas, com base nas provas recolhidas e depoimentos tomados, a denunciante em momento algum confessou ter inventado a história, se mantendo fiel a sua narrativa.
Além disso, concluiu-se que era a vítima quem buscava manter um contato rotineiro com o investigado, inclusive por aplicativo de mensagens. Apesar de a denúncia apontar que as importunações começaram em 2020, a mulher seguiu com conversas normais, sem haver indícios de intimidações.
Ao final, o investigado deixou de ser indiciado, e a vítima e outros envolvidos foram indiciados por denunciação caluniosa e outros membros da igreja por falso testemunho.
Medo e constrangimento
Na coletiva, a delegada Camila Alves destacou que em momento algum houveram outras denúncias do mesmo cunho contra o pastor e que ele demonstrou estar extremamente constrangido com a situação, tendo ficado, segundo ele, mais de 20 dias sem sair de casa, temendo represálias da população.
Por fim, o delegado regional Bernardo Machado reforçou que a Polícia Civil possui escopo técnico para diferenciar denúncias falsas de reais, tendo os policiais capacitação para identificar histórias falsas.
Inquérito
O inquérito final contou com quase 200 páginas e foi encaminhado ao Poder Judiciário, que prosseguirá com os trâmites legais. Os novos indiciados seguem em liberdade até então, mas pelo crime de denunciação caluniosa, de ação penal pública incondicionada, caso condenados, eles podem pegar entre dois e oito anos de prisão.
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